CAPÍTULO 6: A RUÍNA DO TEMPO
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A floresta estava estranhamente calma após a última batalha, o ar pesado com a sensação de algo que Lian não conseguia definir. Ele sentia Kreuz mais agitado dentro de si, como se algo estivesse perturbando profundamente a armadura viva que agora dividia seu corpo.
“Kreuz... o que está acontecendo? Por que você está tão... quieto?” Lian perguntou, sentindo a tensão crescer.
Silêncio.
Mas então, Kreuz começou a falar, sua voz ecoando na mente de Lian, mais sombria e confusa do que nunca. “Nada disso faz sentido... Nada.”
A armadura deu um passo mais pesado do que o normal, como se a força invisível que a movia estivesse enfraquecendo por um momento. Lian percebeu uma hesitação nas ações de Kreuz, como se ele estivesse preso em um pensamento paralisante.
“O que você quer dizer? O que não faz sentido?” Lian tentou sondar, sentindo a aflição de Kreuz.
“O mundo... O mundo que eu conheço... Carros. Prédios que tocavam o céu... As fábricas... A fumaça sufocante... Ruas cheias de gente... Não há nada disso aqui,” a voz de Kreuz começou a tremer. “Onde estão as cidades? Onde estão as máquinas de guerra? Por que tudo está... quieto?”
Lian franziu a testa. "Carros? Prédios altos? Máquinas de guerra?" Ele nunca tinha ouvido falar de nada disso. "Kreuz, o que são essas coisas? Você está falando de monstros?"
"Monstros?" Kreuz riu, um riso amargo e sem humor. "Não, garoto. O verdadeiro terror não são esses animais grotescos que você chama de monstros. O verdadeiro terror... é o som de bombas destruindo tudo ao seu redor. O céu escurecido pela fumaça... O medo de que, a qualquer momento, você seja varrido do mapa por uma máquina que você nem sequer vê."
A risada de Kreuz foi crescendo, mais alta e descontrolada, ecoando pela floresta. Era um som perturbador, como se algo dentro dele estivesse se quebrando. Lian sentiu seu coração acelerar, a ansiedade crescendo. Ele nunca tinha visto Kreuz agir assim.
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“O que está acontecendo com você?!” Lian perguntou, a voz cheia de medo.
“Você não entende, entende?” Kreuz riu novamente. “Isso aqui... Não é o meu mundo. Onde estou? Como isso pode ser o futuro? Ou... será que estou no passado? Monstros? Isso é uma piada? Não existiam monstros no meu tempo... não existiam criaturas saindo das sombras. Era o homem contra o homem... contra a tecnologia. Contra a própria destruição. QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO!?!?””
Lian tentou processar as palavras de Kreuz, mas nada fazia sentido para ele. Carros, prédios, bombas — tudo parecia uma história distante, de um tempo ou lugar que ele não conhecia.
“Você está dizendo que no seu tempo... não existiam monstros?” Lian perguntou com cautela.
Kreuz parou de rir por um momento, o som da respiração pesada ecoando dentro da armadura. "Não. Não havia nada disso. Isso... isso não faz sentido. Este mundo... está errado. Tudo está errado."
“Então... de onde você veio? Que lugar é esse de que você fala?” Lian perguntou, sentindo a tensão crescer ainda mais.
“Eu... Eu vim de uma guerra... de uma era onde a tecnologia destruiu tudo. Não havia lugar para monstros. Só havia destruição feita pelo próprio homem. Nós criamos nossa própria ruína.”
Kreuz começou a andar de um lado para o outro, seu movimento frenético refletindo o caos de sua mente. “E agora estou aqui... um lugar sem lógica... onde monstros vagam... onde o mundo parece ter regredido a algo primitivo. Mas como? Como isso aconteceu?”
Lian tentou falar, mas a voz de Kreuz o interrompeu, novamente em um tom de insanidade crescente. "Será que morri e fui parar em algum purgatório? Será que isso é um castigo? Um pesadelo sem fim? Eu estava numa trincheira... eu deveria estar destruído... por que estou aqui? E por que... por que há monstros?!"
A risada de Kreuz voltou, selvagem e histérica. Lian começou a sentir o peso do desespero crescendo dentro dele também. Era aterrorizante ouvir uma entidade tão poderosa, que antes parecia imbatível, questionar sua própria sanidade.
“Kreuz... você precisa se acalmar. Isso... Isso é o nosso mundo agora,” Lian tentou dizer, mas ele próprio não sabia como acalmar algo tão sombrio e ancestral.
"Nosso mundo?" Kreuz disse com um deboche sombrio. "Que mundo é esse, garoto? Que tempo é esse? Nada se encaixa... eu sou uma relíquia de uma era que não deveria existir mais. Será que tudo isso é um sonho do qual não posso acordar?"
O riso de Kreuz cessou de repente, como se ele tivesse se dado conta de algo. "Mas... se este mundo existe... Se estou aqui... há algo que preciso entender. Algo está muito errado. E nós vamos descobrir o que."