CAPÍTULO 5: O FARDO COMPARTILHADO
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A floresta ao redor deles estava tomada por um silêncio mortal, quebrado apenas pelo som pesado dos passos de Kreuz e pelo farfalhar das folhas. Lian, preso dentro da armadura, observava o caminho à frente, sua mente ainda tentando processar tudo o que estava acontecendo. Cada passo que a armadura dava parecia fazer o chão vibrar debaixo de seus pés, e ele mal podia acreditar que agora estava conectado a uma arma de guerra tão antiga e cheia de história.
"Kreuz, como... como isso tudo aconteceu com você?" Lian perguntou em sua mente, a voz hesitante. Ele ainda sentia uma certa distância entre eles, como se estivesse falando com um estranho que o controlava.
Kreuz ficou em silêncio por alguns momentos, como se estivesse ponderando sobre a pergunta.
"Eu fui forjado no meio de uma guerra que devastou o mundo... uma guerra que você nem consegue imaginar," respondeu Kreuz, sua voz grave ecoando na cabeça de Lian. "Aquele que me criou... não se importava com vida, apenas com poder. Muitos morreram nas batalhas, e eu os observei cair um a um. Suas almas se tornaram parte de mim... até que eu fui deixado para apodrecer numa trincheira, esquecido pelo mundo que criei."
Lian sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele ainda era jovem, mas entender a magnitude da dor que Kreuz carregava era difícil. Mesmo assim, algo dentro dele queria saber mais.
"E como você acabou aqui? Como você sobreviveu tanto tempo?" Lian perguntou.
Kreuz soltou um grunhido sombrio. "Sobreviver? Essa palavra não faz sentido para mim. Eu não sou vivo, garoto, nem morto. Eu sou... uma coleção de tudo o que restou. E agora, você carrega isso junto comigo."
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Enquanto conversavam, um som estranho cortou o silêncio da floresta. Galhos quebrando e grunhidos baixos vinham de perto. Kreuz parou, e seus instintos antigos logo assumiram o controle.
“Cuidado,” ele alertou, “mais uma dessas bestas se aproxima.”
Saindo das sombras das árvores, uma criatura grotesca, menor que o Saiga, mas igualmente horrível, apareceu. Tinha o corpo coberto por escamas escuras e olhos esbugalhados que brilhavam em vermelho. Seus dentes eram afiados e suas garras arranhavam o chão como lâminas.
Kreuz agiu sem hesitar. O machado que estava escondido em sua mão surgiu de repente, cortando o ar. Ele avançou em direção à criatura, movendo-se com uma agilidade impressionante para seu tamanho.
A criatura tentou atacar, lançando suas garras contra a armadura, mas foi rapidamente imobilizada. Kreuz a segurou pelo pescoço com a mão esquerda, e assim que os dedos de metal apertaram a carne da besta, ela começou a se contorcer, soltando gritos horríveis.
Lian, dentro da armadura, podia sentir a sensação estranha. Era como se ele também estivesse segurando o monstro, sentindo a energia vital sendo sugada pela mão de Kreuz. O monstro tremia violentamente, até que seus olhos se reviraram e seu corpo murchou, deixando apenas uma carcaça seca.
“Isso... isso foi horrível,” Lian murmurou, sentindo-se nauseado.
"Você acha que isso é horrível? Isso é apenas uma fração do que o mundo guarda para você," disse Kreuz friamente. "Esses monstros... são apenas obstáculos no caminho. Há horrores muito maiores além das árvores."
Lian ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Kreuz. Ele sabia que sua vida mudara para sempre, mas ainda era difícil compreender a extensão disso. A morte parecia segui-los, e cada passo que davam na floresta sombria parecia levá-los mais fundo em um caminho de sofrimento e sangue.
"Não se esqueça," disse Kreuz, enquanto caminhavam mais adiante, "eu fui feito para sobreviver. E agora, você vai aprender a sobreviver também... quer queira, quer não."