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O Verdadeiro Caminho [Português]
Capítulo 4: O passado de Kreuz

Capítulo 4: O passado de Kreuz

Capítulo 4: O passado de Kreuz

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O som dos passos pesados de Kreuz reverberava pela floresta. Cada movimento da armadura era um lembrete constante para Lian de que ele não estava no controle. Mas, por algum motivo, a presença de Kreuz começava a parecer menos opressora. Kreuz não falava muito, mas o silêncio entre os dois começava a se preencher com uma tensão diferente — não de hostilidade, mas de uma curiosidade mútua.

“Por que você está me mantendo vivo?” Lian perguntou de repente, a voz ecoando pela mente que ambos compartilhavam.

Kreuz permaneceu em silêncio por um momento, antes de responder, a voz fria e calculista.

“Porque eu preciso de um hospedeiro, e você está convenientemente fraco. Ainda útil.”

Antes que Lian pudesse processar, o som de algo se movendo pela vegetação ao redor chamou a atenção dos dois. Kreuz parou, e logo, de um arbusto rasteiro, surgiram duas criaturas pequenas e grotescas. Eram como goblins, com corpos magros e deformados, e braços longos demais para seus corpos. Suas faces eram completamente deformadas, com olhos amarelados e dentes afiados. Mesmo sendo menores, eles avançavam com ferocidade.

Kreuz não hesitou. Com um movimento rápido, ele balançou o machado que estava preso à sua mão. O primeiro goblin foi cortado ao meio antes de conseguir reagir. Sangue escuro jorrou pelo chão da floresta, encharcando a terra. O segundo tentou atacar por trás, mas Kreuz girou e perfurou o corpo da criatura com a ponta do machado. O goblin soltou um grito agudo enquanto era erguido no ar, contorcendo-se, até que seu corpo se encolheu e, finalmente, caiu ao chão como um pedaço de carne inerte.

“O que eram essas coisas?” Lian perguntou, seu estômago embrulhando com a visão da brutalidade.

Kreuz continuou caminhando, sem olhar para trás.

“Insignificantes. Apenas vermes que infestam essas florestas.”

Enquanto seguiam caminho, mais monstros surgiam. Pequenas criaturas disformes com dentes afiados, como lobos deformados, atacaram de todos os lados. Kreuz esmagou um deles contra uma árvore com a força de um único soco, ouvindo os ossos da criatura estalarem e sua carne se desintegrar. Outro monstro tentou morder a perna de Kreuz, mas foi rapidamente agarrado pela mão esquerda. Imediatamente, a criatura começou a gritar de dor, sentindo suas veias se contorcerem como se estivessem sendo arrancadas de dentro de seu corpo. Seus olhos quase saltaram das órbitas antes que Kreuz a jogasse ao chão, sem vida.

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“Você faz isso com tanta facilidade,” comentou Lian, a voz baixa, com uma mistura de fascínio e repulsa.

Kreuz riu, uma risada fria e sem humor.

“Você ainda não viu nada, garoto.”

Depois de derrotar mais algumas criaturas insignificantes que se atreveram a cruzar o caminho, Lian tentou novamente entender o ser que o estava controlando.

“Kreuz... quem é você, de verdade?” Lian perguntou, sua curiosidade finalmente vencendo o medo. “O que você era antes de me encontrar?”

Houve um longo silêncio, enquanto Kreuz parecia ponderar se deveria ou não responder. Quando finalmente falou, sua voz estava mais baixa, quase sombria.

“Eu... fui forjado para a guerra,” ele começou. “Eu era uma arma, criada para proteger um soldado... um homem cuja vida foi sacrificada pela sede de poder de outro.”

Lian sentiu algo mudar no tom de Kreuz. Algo que soava quase como tristeza.

“Hitler,” continuou Kreuz, a palavra saindo de sua boca com ódio. “Eu fui feito durante sua era, uma relíquia amaldiçoada da Segunda Guerra Mundial. Meu propósito era proteger um de seus oficiais. Mas ele morreu. Morreu como tantos outros, naquela maldita guerra. Fui deixado... esquecido em uma trincheira, cercado por cadáveres. Os gritos dos moribundos ainda ecoam em mim.”

Lian ficou em silêncio, tentando assimilar a enormidade da história que acabara de ouvir. Kreuz era mais do que uma armadura. Ele era o resultado de um conflito tão grande que tinha deixado cicatrizes no mundo inteiro, e agora, de alguma forma, tinha se conectado a ele.

“O que aconteceu depois?” Lian perguntou, cauteloso.

“Kreuz** fez uma pausa.

“Eu consumi suas almas. Todos aqueles soldados mortos ao meu redor... Eles estavam vazios, desamparados. Eu os absorvi, suas dores, suas esperanças, seus medos. Eu me tornei... algo mais. Não apenas uma armadura. Eu me tornei uma entidade, uma fusão das almas perdidas que morreram naquela trincheira. E, desde então, estive à procura de alguém para continuar meu caminho. Alguém que pudesse aguentar meu fardo... ou ao menos sobreviver a ele.”

Lian sentiu um arrepio. Ele estava dentro de uma armadura que continha milhares de almas perdidas, unidas pelo horror da guerra.

“O que você quer de mim?” Lian perguntou.

Kreuz parou por um momento, antes de responder com frieza.

“Você foi escolhido, Lian. Se você é forte o suficiente para resistir a mim, talvez possa descobrir o porquê.”

Com essas palavras, eles seguiram em frente. Kreuz estava em silêncio agora, mas o peso de sua história pesava sobre Lian.