Capítulo 2: A Sombra Sobre Eldoria
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A aldeia de Eldoria, com suas casas rústicas e plantações verdes, desfrutava de uma tranquilidade rara. Mesmo com os perigos do mundo ao redor, a vida ali seguia seu curso, marcada por uma rotina simples. Os aldeões, em sua maioria, eram agricultores e artesãos, vivendo em harmonia com a natureza ao seu redor. No entanto, por mais que Eldoria aparentasse ser pacífica, seus habitantes não eram tolos. Sabiam que o mundo lá fora era cruel e, por isso, treinavam desde cedo para defender suas casas.
Lian, um garoto de apenas 10 anos, era uma dessas crianças que já começavam a aprender os princípios básicos da sobrevivência. Ele era conhecido por sua energia contagiante e bondade, sempre disposto a ajudar os outros, mesmo em sua tenra idade. As crianças da aldeia o adoravam, e os adultos viam nele um futuro promissor. Seus pais, humildes agricultores, se orgulhavam do filho que crescia com um coração puro.
Mas naquela noite, algo estranho pairava sobre Eldoria.
Sentindo-se inquieto e incapaz de dormir, Lian saiu de casa em silêncio para tomar um pouco de ar fresco. O brilho da lua cheia iluminava os campos ao redor da aldeia, e o garoto se sentiu momentaneamente em paz, observando o céu estrelado.
Enquanto caminhava pelas trilhas conhecidas, Lian ouviu um ruído estranho vindo das árvores próximas. Antes que pudesse reagir, um vento gelado soprou em sua direção, trazendo consigo um cheiro fétido e pesado. Ele se virou lentamente, o coração batendo acelerado no peito, e foi então que o viu.
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Uma criatura monstruosa, do tamanho de uma árvore, emergiu das sombras da floresta. Seu corpo era uma mistura grotesca de uma lesma gigante e um aracnídeo. Pelos escuros e grossos cobriam sua pele, movendo-se como se tivessem vida própria. No lugar de olhos, boca ou nariz, havia um único buraco enorme que parecia sugar toda a luz ao redor.
Lian congelou de medo, incapaz de se mover ou gritar. A criatura avançou lentamente em sua direção, e Lian pôde ver suas garras enormes, que se cravavam no chão a cada passo. Quando estava a poucos metros de distância, a criatura parou. Seus pelos começaram a vibrar, e seu corpo, antes gigantesco, começou a se encolher, como se estivesse se preparando para algo.
De repente, a criatura soltou uma nuvem espessa de fumaça negra que se espalhou rapidamente pelo ar. Lian tentou recuar, mas foi envolvido pela fumaça antes que pudesse escapar. Ele sentiu a substância entrar em seus pulmões, queimando como fogo. A dor era insuportável, e ele caiu de joelhos, tossindo e ofegando.
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Enquanto o garoto lutava para respirar, o corpo da criatura começou a se comprimir, esmagando-se em si mesmo como se estivesse colapsando. Era como se o monstro estivesse sacrificando tudo para garantir que a doença mortal fosse transmitida. Com um último movimento agonizante, a criatura se desfez em pedaços, deixando para trás apenas uma massa disforme de carne apodrecida.
Lian caiu no chão, sentindo a força de sua vida se esvair. Seus olhos, antes brilhantes, ficaram opacos e enevoados. Ele tentou chamar por ajuda, mas sua voz estava rouca e fraca. A dor era intensa, e a última coisa que viu antes de desmaiar foi a lua cheia, que parecia brilhar mais intensamente, como se observasse seu sofrimento.
Quando os pais de Lian o encontraram na manhã seguinte, ele estava quase irreconhecível. Sua pele estava pálida e enrugada, e seu corpo parecia ter envelhecido da noite para o dia. A aldeia inteira ficou em choque. O curandeiro foi chamado às pressas, mas não sabia como lidar com aquela estranha condição.
— "Isso não é uma doença comum," murmurou o curandeiro, recuando assustado. "É como se algo... algo maligno tivesse se apossado do corpo dele."
O medo se espalhou pela aldeia. Ninguém queria admitir, mas todos pensavam a mesma coisa: e se fosse contagioso? E se a doença de Lian se espalhasse? Foi então que as discussões começaram.
— "Não podemos correr o risco," disse um dos aldeões mais velhos, sua voz trêmula. "Por mais que doa, precisamos proteger o restante da aldeia.”
Os pais de Lian protestaram, mas no fundo, também estavam apavorados. O curandeiro sugeriu uma quarentena, mas a palavra que ecoava nas mentes de todos era "perigo".
Naquela tarde, com o coração pesado, os aldeões decidiram o destino de Lian. Ele seria levado até o rio proibido, onde ninguém mais se aventurava, e deixado lá, longe de qualquer pessoa. Era um ato de desespero, mas a aldeia inteira concordou.
Amarrado em uma maca improvisada, o corpo frágil de Lian foi levado até as margens do rio. Ele chorava por dentro, incapaz de compreender por que todos aqueles que ele amava o estavam abandonando. Seus pais, com lágrimas nos olhos, ficaram para trás, incapazes de acompanhar o cortejo até o fim.
Os aldeões lançaram Lian ao rio, e a correnteza o levou rapidamente para longe. No fundo, ele sabia que aquela seria sua última visão de Eldoria, a aldeia que ele um dia considerou sua casa.
A correnteza o carregou até uma floresta densa e sombria. O garoto, sem forças para resistir, foi arrastado até uma caverna oculta, onde a água o depositou suavemente. A dor em seu corpo era insuportável, e tudo o que ele queria era que aquilo terminasse.
Com o que restava de suas forças, Lian rastejou para dentro da caverna, buscando um abrigo, um alívio. Foi então que seus olhos, ainda embaçados, vislumbraram algo estranho – um túmulo antigo e uma armadura colossal, negra como a noite, descansando sobre ele. A armadura parecia chamar por ele, como se estivesse viva.
Sem pensar, ele estendeu a mão, tocando a superfície fria da armadura. No instante em que o fez, as peças começaram a se mover. Em um movimento rápido, a armadura puxou Lian para dentro. Ele tentou gritar, mas o som foi abafado pela escuridão que o envolveu.
A armadura se levantou, como se tivesse ganhado vida, sentindo a fúria e a dor de Lian. Alimentada por esses sentimentos, ela assumiu o controle, transformando o garoto em um ser de puro ódio e vingança.
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Kreuz havia despertado.
E Eldoria jamais seria a mesma.