Adam e Zélio caminharam pela floresta sombria, sem rumo, ainda incomodados pela missão absurda que tinham acabado de receber do tal espírito ancestral. A cada passo, a neblina parecia ficar mais densa e o ambiente mais sinistro. Mas, de repente, um cheiro diferente invadiu o ar. Algo... saboroso?
— Cheiro de comida? — Adam parou, descrente. — Não é possível. Isso aqui é um Reino das Sombras, não um programa de culinária.
Zélio, com os olhos arregalados e o estômago roncando, sorriu. — Eu sabia! Alguma coisa boa tinha que sair dessa jornada. Vamos ver de onde vem isso!
— O que você acha que é? Um food truck do submundo? — Adam revirou os olhos, mas, contra sua melhor vontade, seguiu Zélio.
Para a surpresa deles, entre as árvores retorcidas, surgiu uma construção bizarra: um restaurante. Uma placa meio enferrujada, que parecia prestes a cair, balançava com a brisa sombria. Nela estava escrito, em letras tortas: "Restaurante das Sombras: Comida de Outro Mundo!"
— Isso só pode ser uma pegadinha, né? — Adam disse, desconfiado. — Fantasmas servindo pizza ou algo assim?
— Eu tô dentro! — Zélio ignorou o aviso claro de "isso não pode acabar bem" e entrou pela porta com a animação de uma criança em parque de diversões. Adam, relutante, foi atrás.
Dentro do restaurante, a cena era, no mínimo, bizarra. Zumbis e fantasmas trabalhavam como se fossem funcionários de um restaurante normal. Um esqueleto lavava pratos com uma expressão tão entediada que parecia querer se desmontar. Um garçom fantasma flutuava entre as mesas, servindo pratos que brilhavam levemente em tons de verde.
— Isso é... normal aqui? — Adam perguntou, com uma sobrancelha arqueada.
— Ei, você que sabe dessas coisas — Zélio respondeu enquanto escolhia uma mesa. — Vai dizer que nunca sonhou com um restaurante de zumbis?
— Eu te garanto que não, Zélio.
Os dois se sentaram em uma mesa, e logo o garçom fantasma flutuou até eles. Ele não tinha olhos, mas parecia estar observando-os atentamente, com um leve sorriso espectral no rosto.
— Boa noite, senhores. Bem-vindos ao Restaurante das Sombras. Posso sugerir nosso especial da casa, Sopa de Neblina com Croûtons de Esqueleto?
Zélio, empolgado, respondeu: — Vou querer dois! E talvez aquele suco de “alma espremida” também.
Adam olhou para o garçom com o ceticismo habitual. — Eu só quero... algo que não me mate.
O garçom deu uma risadinha fantasmagórica. — Senhores, posso garantir que já estão mortos. Ou pelo menos, quase.
— Ótimo, era exatamente o que eu precisava ouvir... — Adam suspirou.
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Pouco depois, os pratos chegaram. E, surpreendentemente, a comida era realmente boa! Mesmo com o aspecto ligeiramente luminoso e viscoso, o sabor era espetacular. Zélio estava quase chorando de felicidade com cada garfada.
— Eu devia ter vindo para o Reino das Sombras antes! — exclamou Zélio com a boca cheia.
Adam, tentando ignorar o fato de que a sopa parecia se mexer sozinha, apenas balançou a cabeça. — Isso é ridículo.
No meio da refeição, a porta do restaurante foi escancarada, e uma elfa de cabelos prateados, usando uma capa que definitivamente era muito grande para ela, entrou correndo. Ela olhou em volta, avistou Adam e Zélio, e foi direto para a mesa deles, sem hesitar.
— Ahá! Finalmente encontrei vocês! — gritou ela, com um ar triunfante.
— Quem é essa? — Adam murmurou para Zélio, sem entender nada.
— Devem ser os zumbis da cozinha — respondeu Zelio, mastigando.
A elfa puxou uma cadeira, jogou a capa dramaticamente e se sentou. — Meu nome é Luna! Sou uma aventureira de elite, dotada de uma mente brilhante, capaz de desvendar os mais profundos mistérios deste mundo. Ou, ao menos, era para ser assim...
— Que ótimo. — Adam revirou os olhos. — Mais uma maluca.
— Acreditem, vocês vão precisar da minha ajuda! — Luna disse com um sorriso pretensamente sábio. — Eu tenho todas as respostas.
Zélio estava fascinado. — Sério? Tipo, todas?
— Bom, a maioria. Mais ou menos. — Ela pareceu titubear, mas logo voltou a tentar parecer confiante. — Vocês entenderam. Eu sou a chave para qualquer coisa importante que vocês precisem fazer aqui!
Antes que pudessem discutir mais, o garçom fantasma retornou, com algo ainda mais assustador: a conta. Ele flutuou até a mesa, colocando o papel em frente a Adam e Zélio, com um sorriso espectral.
— Aqui está a conta, senhores.
Adam olhou para o pedaço de papel. Os olhos arregalaram-se. — Cem moedas sombrias?! Nós não temos isso!
Zélio coçou a cabeça, claramente desconcertado. — É... eu não trouxe nada além da minha fome.
O garçom continuou flutuando pacientemente, mas o ar ao redor ficou um pouco mais frio, como se estivesse esperando algo terrível acontecer.
— Ah, essa não! — Zélio resmungou. — Seremos escravizados por zumbis lavadores de pratos pelo resto da vida?
Foi nesse momento que Luna se inclinou na mesa, como se fosse a grande salvadora da noite. — Eu cuido disso. — Ela puxou uma pequena bolsa cheia de moedas e jogou sobre a mesa com um sorriso superior. — Aqui está, cem moedas sombrias. Não foi nada para alguém da minha inteligência.
Adam e Zélio se entreolharam, surpresos.
— Uau, obrigado! — Zélio exclamou. — Mas... por que você faria isso por nós?
Luna sorriu, claramente satisfeita. — Porque, em troca, vocês vão me ajudar a recuperar algo muito importante para mim.
Adam levantou uma sobrancelha. — Isso soa suspeito. O que você quer?
Ela deu um sorriso enigmático (ou pelo menos tentou, mas acabou parecendo mais boba do que misteriosa). — Um colar! Um colar mágico que foi roubado de mim. E eu preciso que vocês me ajudem a recuperá-lo.
Zélio piscou, confuso. — Só isso? Parece fácil.
— Ah, mas é um colar muito especial! — Luna insistiu, tentando parecer mais sábia do que realmente era. — Ele... Ele tem poderes incríveis! E além disso... é muito bonito.
Adam suspirou, resignado. — Tá, tanto faz. Mas já vou te avisando que não sou fã de missões de resgate de acessórios.
Luna bateu as mãos na mesa, triunfante. — Ótimo! Vamos começar nossa busca no próximo capítulo... Digo, em breve!
Enquanto se levantavam para sair, Kragnar, o vilão fracassado, apareceu na porta do restaurante, com suas sombras dançantes ao redor. Ele ergueu os braços dramaticamente, esperando que todos o notassem.
— Finalmente encontrei vocês, heróis! — Kragnar declarou, sua voz ecoando.
Todos ignoraram Kragnar e saíram do restaurante como se ele nem estivesse ali. Luna até parou um segundo para amarrar os sapatos, sem nem olhar para ele.
— Ah, sério? De novo? — Kragnar murmurou, encolhendo os ombros, totalmente frustrado enquanto as sombras ao seu redor se dissipavam.