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OS PRIMOS

Eu tenho um compromisso com a leveza, com a falta de culpa. Por que deveria me sentir culpado?

Como sempre, a Ema estava linda demais. Eu sorri. Gostava muito de ficar perto dela. Ela vestia uma camiseta longa e folgada, e em alguns momentos eu via que ela estava com um short jeans.

Ela era muito fofinha.

Era o início da noite. Como sempre estávamos na cozinha, conversando sobre muita coisa, principalmente sobre planos para o futuro, e sobre as cosias que já havíamos feito. Lógico que nós sabíamos o que cada um tinha feito, os trabalhos e empregos que já tínhamos feito. Mas, era a visão do outro que queríamos.

Ela contou o que sentira quando ficara como menor aprendiz no BB e na CEF, quando for a vendedora nas Casas Bahia, e outros mais. Rimos muito de algumas passagens dela.

Então falei sobre a minha visão, tal como a Ema. Eu cheguei a trabalhar como entregador em uma padaria, vendedor de feira de frutas e verduras de final de semana e entregador de livros e revistas, só começando a trabalhar na editora do meu pai quando entrei para a universidade para cursar produção editorial. Também rimos muito pelo que eu havia passado.

- Bem, você esqueceu de quando trabalhou numa ONG.

- Ah, é mesmo... Mas, é que foram só seis meses...

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- Mas foi a primeira vez que assinaram a sua carteira, não foi?

- Foi sim...

- Vem cá. Quando você trabalhava nessa ONG de ajuda a carentes, quando ainda estava no cursinho, você ficou chateado quando eles te mandaram embora?

Eu inspirei fundo, me lembrando daqueles dias.

- Sabe que não, Ema? – disse por fim. - Estava tudo meio estranho. Quer dizer, foram muitas situações estranhas, meio complicadas. Mas, tudo foi bom, no final das contas.

- O que tinha de estranho? – perguntou, se apoiando de vez no armarinho.

Então contei para ela algumas passagens, e terminei com a passagem em que encontrara um casal de primos vivendo juntos. A garota me dissera que, um dia, passou a se interessar pelo primo. E contei como ela disse que o seduzira, e como ela acabou fazendo amor com ele.

- Sério? – ela pareceu surpresa com a minha estória.

- Sério. Ela disse que era só ele chegar do trabalho e ficavam por horas fazendo amor.

- Nossaaa... – ela pareceu suspirar. – Mas, assim sem mais nem menos?

- Não... Ela disse que um dia ela estava na pia, lavando as vasilhas. Ele passou por trás dela para pegar água na talha. Ela disse que se afastou um pouquinho, e sua bundinha tocou nele. Ela o sentiu. Ela viu que ele demorou um pouco para se afastar, como ela também notou que demorou um pouco para se descolar dele. A partir daí, ela sempre dava um jeitinho de ficar de costas para ele e dar umas apertadinhas nele como se fosse por acaso. Só que essas apertadinhas estavam ficando cada vez mais demoradas, mais demoradas, até que...

- Ééééééé... – ela suspirou demoradamente, como se os pensamentos estivessem longe.

Então deu um galeio suave com as costas, se despregando do armarinho. – Acho que vou dormir. Estou cansada. A gente se vê amanhã – se despediu.

- Até amanhã, Eminha – me despedi, vendo que ela novamente passava os olhos por mim, que desconsiderei frente a nossa longa estória.

Terminei meu café e fui para o meu quarto.

Já meio sonolento me troquei para dormir.