Lorde Malcon não estava surpreso com a falta de polidez de seu Lorde maior. Lorde Miller era conhecido por ser uma pessoa direta, que odiava rodeios e tramas. Sua maior paixão era o combate e ele não via problema algum em resolver tudo com punhos e espadas.
Quando situações que exigiam formular planos e elaborar investidas complexas surgiam, ele delegava a tarefa para Lorde Malcon, que por sua vez era conhecido por criar estratégias quase infalíveis.
— Entendo meu Lorde, mas nessa situação só tenho um conselho a dar.
— Você sem um plano? Isso é inesperado, mas prossiga.
— O melhor a fazer nessa situação é reunir informações, porém se enviarmos muitos espiões, eles serão notados, pois a realeza está em alerta; sugiro reduzirmos o número de espiões e aumentarmos o número de fantoches runicos para a coleta de informações.
— Isso seria confiável? Afinal os artefatos runicos são muito recentes. Não seria melhor usar espiões equipados com artefatos lendários? — comentou Lorde Steven, que tinha a maior rede de espionagem da Mesa dos Nobres.
— É compreensível seu cétismo nos equipamentos runicos Lorde Steven, mas artefatos lendários dependem muito do comércio com cultivadores de baixa patente. — Um Lorde ao lado do gigante Lorde Miller comentou.
— Estando o mundo do cultivo agitado com Mestre Khaled, duvido que nos ajudarão, ou fornecerão equipamentos — observou Lorde Malcon como bom estrategista que era.
— Faz sentido, mas onde encontraremos equipamentos runicos confiáveis? — franzindo a testa ponderou Lorde Steven.
— Isso não será um problema, acho que sei o que Lorde Malcon tem em mente, mas preparem seus bolsos meus caros — disse Lorde Miller com uma expressão de pesar.
Longe dali, no feudo fronteiriço que Lorde Malcon gerenciava, as janelas de uma casa rústica de madeira, brilhavam em plena luz do dia. O pulso de luz azul vazava num ritmo constante, fazendo com que as crianças que brincavam perto da floresta particular do Lorde, apontassem curiosas e temerosas. Afinal o morador da casinha, era de poucos amigos, e mau humorado por natureza.
— Estamos quase lá... se o fluxo da fons se estabilizar então faremos história — uma voz jovem exclamou excitada.
— Se concentre Nathan, Não podemos falhar agora devido a sua empolgação antecipada — uma voz mais velha calmamente contrapôs.
Os dois indivíduos estavam debruçados sobre uma mesa retangular de ébano, cheia de inscrições e símbolos dentro de círculos, que se conectavam através de linhas retas e linhas semicírculares. As inscrições pulsavam com luz azul, alternando entre um pulso suave e um pulso forte a ponto de ser notado fora da casa em pleno dia ensolarado. No centro da mesa havia um suporte tripé prata cheio de linhas e inscrições como a mesa, onde repousava o objeto de atenção dos dois indivíduos.
Os pulsos de energia viajavam da mesa até o suporte pelos três apoios, sendo reforçados depois de passar pelos intrincados caminhos de linhas e círculos do suporte e levados até a base onde estava o objeto brilhante, que num ritmo constante pulsava com a mesa e acumulava energia.
— O Selo está acumulando energia de uma forma estável, acho que finalmente teremos sucesso meu jovem — com olhos brilhantes por baixo de um óculos de proteção semitransparente, o mais velho empolgado declara.
— Ao meu sinal, aumente o fluxo de fons de forma constante até o limite.
— Sim Rabi Abner! — a postos Nathan posicionou suas mãos sobre dois pequenos botões na lateral da mesa, aguardando ansioso o comando que definiria de uma vez por todas se seus esforços valeram a pena.
— Espere... espere... Agora!
De forma firme Nathan, girou simultaneamente os dois botões, tentando manter a mesma velocidade e constância. O que de imediato foi refletido no aumento das pulsações da mesa e do suporte tripé. O ar em volta começou a zunir enquanto a luz azul aumentava de pulsos para um clarão cada vez mais intenso e constante. Um fluxo de energia foi estabelecido pelos caminhos na mesa e foi levado direto pelo suporte para o objeto brilhante, o que ocasionou um pico de energia e luz tão grande que nem mesmo os óculos ou as pálpebras puderam fazer muito para a proteção do Rabi e seu aprendiz.
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A mesa não suportando a intensidade de energia elemental passando, começou a rachar e tremer. O suporte trincou em vários lugares, chegando a derreter em algumas partes. Quando o fluxo atingiu o pico máximo de energia, o conjunto inteiro explodiu, jogando Natham contra o teto, e Abner direto para a viga de madeira logo acima da mesa. O estrondo deixou todos do lado de fora alarmados e em pânico.
Era um conjunto de desastres, a explosão destruiu a casa de madeira completamente, e reuniu uma multidão furiosa em volta dos destroços.
— Essa é a quinta vez esse mês! Mas não bastasse só as explosões, ele finalmente destruiu a própria casa! — Alguém vociferou na multidão.
— Hahaha o Lorde finalmente vai expulsar esse ferreiro inútil! — está era a fala e o sentimento da maioria das pessoas, que parados olhavam os escombros sem a mínima vontade de ajudar os acidentados.
— Abram caminho para a guarda do Lorde! — um grito irrompeu na multidão, afastando todos para que um grupo de cavaleiros armados passassem a frente de uma carruagem lindamente trabalhada feita de madeira gofer. Os corceis negros de seis pernas, intimidavam qualquer tolo que não saísse do caminho rápido o suficiente.
Com o abrir da carruagem, um homem de meia idade, ricamente vestido, aparentando ser mais velho do que realmente era desceu na frente de todos. Sua pele clara constratava com seus olhos escuros que encaravam a multidão, silenciando a todos diante de seu escrutínio.
Por mais bondoso que Lorde Malcon era, ele nunca foi conhecido por sua mansidão ou leniência. Criticar a decisão de um Lorde era loucura, e o ferreiro em questão era convidado direto de Lorde Malcon, assim como toda sua família estava sob sua proteção.
— Ajoelhem-se perante seu Lorde! — O brado do chefe da guarda, tirou todos de seu estupor, e rapidamente fileira por fileira, toda a multidão se ajoelhou perante o Lorde.
Iguinorando a todos, Lorde Malcon fixou sua atenção nos escombros, com a testa franzida de preocupação. Seu plano dependia do Rabi Abner para funcionar, e claro ele precisava estar em perfeito estado de saúde, o que seria difícil com esse último acidente.
"Esse ferreiro me dá trabalho demais! Sinto uma terrível dor de cabeça chegando, e sinceramente não sei se ele compensa, a confusão que causa, mesmo sendo um Rabi em sua arte". A vontade de Lorde Malcon era deixar o Rabi a sua própria sorte, mas com a multidão aqui, ele tinha que interferir para mostrar que tudo estava sob seu controle.
— Tirem os escombros com cuidado, e preparem os pergaminhos de cura, caso as lesões do Rabi sejam profundas! Rápido já perdemos muito tempo — comandou Lorde Malcon, fazendo sua unidade se mover como um só homem para cumprir suas ordens.
Porém antes que os soldados pudessem tirar um único pedaço de madeira, os escombros começaram a levitar chegando a nove metros de altura e revelando uma cratera rasa onde ficava a mesa rúnica. Na cratera um orbe azul claro zunia causando um pouco de agonia nos espectadores.
Lorde Malcon de boca aberta mal conseguia acreditar no que via. Dentro do orbe de pura fons havia um jovem debruçado no chão e um homem mais velho em pé. Seus cabelos negros combinavam com sua pele escura, e ele estava segurando um objeto retangular brilhante em sua mão direita.
Um fio de energia saia do objeto e alimentava o orbe, que a cada segundo impressionava mais a todos. Inscrições misteriosa começaram a aparecer na superfície do orbe, que encolhendo de tamanho desapareceu, causando alvoroço. A visão ainda era chocante pois ver os destroços, levitando congelados no ar, era uma visão por si só.
— Rápido seus tolos! Vão ficar olhando o dia inteiro? Eu estou gravemente ferido! — Diante da multidão ajoelhada e dos guardas ainda estupefatos, Rabi Abner começou a gritar, e gesticular como se fosse morrer a qualquer momento. A situação era no mínimo cômica, pois era visível a todos que fora alguns arranhões, ele gosava de perfeita saúde.
— Chega de show Abne. Tenho trabalho de suma importância pra você. — Lorde Malcon ainda impressionado com o que viu, declarou despertando assim o interesse do velho descarado.
— Quase não sobrevivi a este incidente, e meu Lorde já quer me colocar para trabalhar? Se eu morrer de exaustão, o mundo perderá uma de suas mentes mais brilhantes! — ainda encenando Abner retrucou, pouco preocupado com seu ajudante, que estava sendo socorrido por guardas com pergaminhos lendários, para acelerar sua recuperação
— Vou ser mais claro, estamos falando em cinco milhões de papéis ouro e dois milhões de moedas de ouro.
A resposta do Lorde deixou todos de queixo caído. Papel ouro era a o dinheiro corrente no mundo mortal e juntamente com as moedas de prata e bronze, formavam a base da economia. Dez moedas de bronze, valiam uma de prata, e vinte moedas de prata, valiam uma de ouro. E dez moedas de ouro valiam um papel ouro.
A quantidade de dinheiro citada por Lorde Malcon fez o coração de todos pararem. Era uma quantia que eles mal conseguiam imaginar.
— O que estamos esperando?! Vamos rápido, o dever me chama! — Com os olhos brilhando o Rabi Abner em um pulo saiu da cratera e correu em direção a carruagem.
O olhar de todos era de estranheza, afinal achavam que havia limites para o descaramento. Muitos coraram de vergonha pela postura do Rabi, mas Lorde Malcon reconhecendo a urgência da situação, mandou que colocassem o ajudante na carruagem e seguiu viagem para a mansão principal.