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Sombras do Sangue [ Português - Brasil]
Capítulo 1: A Queda de Illvaris

Capítulo 1: A Queda de Illvaris

Ato I –

As Sombras do Passado

"Nós não somos os que fomos, nem os que seremos. Somos o que estamos, e o que fizemos." – Mark Lawrence

Sylara

O reino de Illvaris se estendia diante de mim como uma pintura majestosa, suas florestas sombrias e cidades douradas refletindo a riqueza e a beleza de um império que, até então, parecia imbatível. O vento frio cortava as ruas de mármore da capital, enquanto os edifícios grandiosos do palácio se erguiam acima, lembrando-me sempre do peso que carregava sobre meus ombros. Cresci em um mundo onde a arte da política e da governança era algo intrínseco a mim, uma educação cuidadosa, pautada por falas silenciosas e lições amargas sobre o que significava ser filha do imperador. Meu pai, embora distante, era minha referência de estabilidade, e seu amor, embora escasso, sempre me fez acreditar que o trono um dia seria meu, por direito, por sangue. Mas naquele momento, enquanto olhava a cidade com seus reflexos dourados, sabia que a palavra 'destino' soava mais como uma sentença do que uma promessa.

Fecho o livro e ponho de volta no lugar, a biblioteca imperial só era permitida a entrada dos membros com sangue real. Aqui continua livros que ninguém sabia ler, com línguas mortas, caminho passando os dedos entre os livros, quando me assusto com um criado correndo até mim.

— Não sabe que é proibido entrar aqui?

— Me desculpe vossa alteza, mas é um assunto extrema importância.

— Então fale logo.

— O imperador... ele...

— O que tem meu pai? — O desespero começa a subir sem nem saber ainda do que se tratava- se. — Responda-me!

— O imperador sofreu um acidente... ele não conseguiu sobreviver — Eu não conseguia ouvir mais nada. Como assim sofreu um acidente? Ele não sobreviveu? Isso não faz sentindo, ele estava bem até algumas horas atrás.

— O que quer dizer “Ele não conseguiu sobreviver?” Onde ele está? Quero vê-lo.

— Vossa Alteza... a sua majestade está nos aposentos dele.

Não espero ele terminar e saio da biblioteca correndo, eu não dava a mínima para cortesia nesse momento. Chegando no corredor dos aposentos do meu pai, estava cheio de gente, de servos a nobres, com cara de luto e choro. Empurro todos e entro no quarto, no momento que bato meus olhos na cama, encontro minha mãe a imperatriz segurando a mão do meu pai e chorando.

— Mãe? Mãe? O que aconteceu? — Pergunto me aproximando devagar dele, olho para meu pai que estava deitado na cama, ele parecia estar dormindo, mas no fundo eu sabia que isso não era verdade. —Por que o pai não acorda? Hm? Mãe.

— Querida... seu pai... ele não... ele estar morto — Foi como um baque de água gelada com gelo na minha cabeça.

— O que quer dizer com estar morto? Não pode ser, ele estava bem. — Nego desesperadamente, não podia, não queria acreditar que isso era verdade. — Senhora está mentindo.

— Eu queria estar querida..., mas é a verdade — Caminho até a cama dele e me sento na beira.

— Pai? Pai por favor abra os olhos.... por favor... não me deixe — Sinto as lagrimas descer pelo meu rosto, solto um grito de dor e abraço o corpo dele morto.

Só sair de cima dele quando meu tio, irmão do meu pai chegou e me tirou de lá, me levando para o meu quarto. Deito-me na cama e abraço o travesseiro.

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— Tio.... o que será agora? Ele estar morto... eu não estou pronta para assumir o reino. Eu não sei o que fazer.

— Não se preocupe minha querida sobrinha, irei cuidar de tudo. — Fecho meus olhos quando ele acaricia meu cabelo.

No dia seguinte foi feito o funeral dele, por alguma razão achei estranho meu tio acelerar com o processo do funeral, de acordo com as tradições. Funeral de um imperador deveria demorar uma semana inteira, mas meu tio fez tudo para um dia só. Depois de me arrumarem para o velório caminho com minha mãe até o local, não saio do lado do corpo dele nem por um segundo. Minhas amigas, filhas de outros nobres vieram me dá seus pêsames junto com o seus pais, assim como meu noivo também. Metade do dia foi no velório aonde todos vieram da seus lamentos, das nobrezas a pobreza, na outra metade do dia foi o funeral. Ao anoitecer estava voltando para o palácio quando decido passar na sala do trono, caminho pelos corredores até chegar na sala do trono, quando abro a porta encontro meu tio, sentado no trono.

— Tio? O que está fazendo aí? Senhor não pode se sentar aí. — Caminho até onde ele estava. — Apenas imperadores ou imperatrizes podem sentar-se aí.

— Eu sei, minha querida sobrinha. — Ele estava com um sorriso estranho no rosto. — Acontece que agora esse trono é meu.

— Do que está falando? Eu sou a herdeira, meu pai morreu, o trono será passado para mim. — Começo escutar gritos de desespero do lado de fora do palácio. — O que está acontecendo?

— Oh, minha querida sobrinha, como você é ingênua. Realmente achou que se sentaria nesse trono? É mais burra que imaginei.

— Do que está falando? — Olho através das janelas do trono e vejo o jardim pegando fogo, arregalo meus olhos e corro até a janela, vejo empregados e serviçais sendo mortos. — Por que está fazendo isso? Eles são pessoas inocentes.

— Ainda não entendeu? Estou tomando o seu precioso trono, eu serei o próximo imperador. A morte de meu irmão foi uma morte inevitável.

— A morte... do meu pai, foi obra sua? — Ranjo entre os dentes.

— Eu não disse isso querida. Sabe pelo meu apreço por você e meu querido irmão, vou te dá uma vantagem, corra.

— O que? — Continuo ouvindo gritos, então as portas da sala do trono se abrem e vejo minha mãe entrar, sendo arrastada pelos guardas. — O que vocês estão fazendo? Soltem ela imediatamente.

— Eles não obedecem mais a você, além que eles são soldados do templo e não do império.

— Do que está falando? Por que o templo mandaria soldados?

— Deuses como você é burra. O templo me prefere no comando a uma jovem garota ingênua que nem você. Agora última chance, corra e salve sua vida, ou fique e morra como sua mãe. — O grito fica presa na minha garganta quando vejo um dos guardas cortando a garganta de minha mãe.

— O que você fez? — Grito com ele, sinto as minhas lagrimas descerem pelas minhas bochechas.

— Era um mal necessário minha querida sobrinha, última chance... corra. — Vejo guardas entrando na sala armados e começam a matar os soldados do templo, reconheço as vestes, eram guardas da família ducal Ardane, a família do meu noivo.

Estava em choque quando vejo o duque e seu filho, meu noivo entrarem na sala, antes que qualquer um pudesse reagir, eles me escoltar para fora do trono. Passo pelo corpo da minha mãe agora morta. Tudo foi muito rápido, antes que eu notasse estava do lado de fora do castelo, na frente da floresta sombria.

— Vossa alteza.... vossa alteza — Pisco e olho para o Valtherion Ardane, o duque do norte. — Você precisa fugir vossa alteza, seu tio não irá parar até você estar morta, precisa ir. A floresta sombria no momento é seu lugar mais seguro.

— O que? A floresta sombria? Ninguém entra nela faz séculos. — Não percebi que estava tremendo até eu olhar para minhas mãos. — Não posso entrar ali.

— É sua única escolha. — Caelen Ardane, meu noivo ou antigo noivo, não sabia mais.

Olho para a floresta sombria novamente e por alguma razão sinto como se ela tivesse me chamando. Pisco os olhos e olho para trás, mas não pude pensar pois alguém me empurra para o abismo da floresta sombria, o grito ecoa pelo eco da floresta enquanto eu caia no abismo. Perco a consciência quando meu corpo bate no chão.

Quando meus olhos se abriram novamente, tudo ao meu redor era escuridão. As árvores ao meu redor pareciam vivas, como se sussurrassem segredos antigos apenas para mim. Algo dentro da floresta me observava, não como uma presa, mas como uma igual. Sentia o peso das sombras sobre mim, e, pela primeira vez na vida, não tinha certeza se sairia dali viva.

Ao longe, ouvi passos, o som de folhas esmagadas sob botas pesadas. Não sabia se deveria chamar por ajuda ou ficar em silêncio, mas antes que decidisse, uma voz rouca atravessou a escuridão:

— Você não deveria estar aqui. — O tom frio e deliberado fez meu corpo estremecer.

Olhei para frente, lutando para identificar a figura que surgia das sombras. Ele carregava algo além de uma ameaça... Ele era um enigma, e eu estava presa no território dele.