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Capítulo 2

Oportunidade

Quando passaram pelas portas, entraram em uma sala espaçosa decorada luxuosamente, com móveis estofados. Uma abertura no teto, direcionava a luz do Sol para um obelisco de três metros de altura no centro da sala. Era cristalino com vários tons de azul, e centenas de nomes escritos.

Notando o olhar dos três para o obelisco, o ancião Malcon explicou:

— Este é o marco zero. Marca o lugar onde nosso ancestral construiu sua tenda, e contém o nome de todos as pessoas mais distintas do clã.

Claro que eles já tinham ouvido falar do marco zero, todo membro do clã Hakimi, crescia a sombra dos mitos ancestrais acerca do progenitor da linhagem. Segundo a lenda além de um mestre runico genial, ele era forte a ponto de estabelecer um alto-clã. Logo nos primeiros anos do clã, o progenitor saiu para uma aventura no mar e nunca mais retornou. Com o passar do tempo e a diluição da linhagem, o clã Hakimi perdeu seu posto de alto-clã, e do progenitor ninguém nunca mais teve notícias, só restou especulações de para onde ele teria ido.

Ainda admirando a beleza da sala, uma clara evidência dos tempos de glória do clã, eles viram o ancião Malcon apertar uma runa na parede oposta a entrada. Com um som de "clik" uma parte da parede, no formato de uma porta, deslizou revelando um corredor espaçoso que conectava todas as alas dos anciões a sala do obelisco.

Andando na frente o ancião Malcon, seguiu pelo corredor acompanhado pelos três. Na penúltima entrada do lado direito, eles viraram em um pequeno corredor, encontrando uma porta dourada, com uma placa escrita "Ala do grande ancião". Ao tocar a porta uma voz melodiosa começou a falar:

— Sejam... bem vin... dos a Ala do grande ancião do clã Hakimi. Diga seus nomes e... e... — assim que a voz travou, a porta foi aberta. Uma sala grande, com estantes cheias de livro de cima a baixo, foi a visão que os saudou. No meio da sala um aparato metálico cheio de lentes que conduziam um feche de luz para um tubo cilíndrico no meio da engenhoca, zumbia suavemente.

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— Sejam bem vindos, desculpem pela inconveniência na porta, a matriz de recepção está com problemas.

Ao ouvir a voz idosa, os recém-chegados, notaram a mesa ao fundo da sala, ocupada por livros abertos. Debruçado sobre os livros estava um homem que aparentava meia idade, porém os cabelos quase totalmente brancos, eram um lembrete constante de sua real idade e posição no clã. O grande ancião os encarava com um olhar profundo, acompanhado de um sorriso caloroso.

Sem demora Uri e seus irmãos seguiram o ancião Malcon, para se curvar na frente do poderoso homem que estava sentado com uma aparente aura comum. Porém de comum eles sabiam que este senhor não tinha nada.

— Fiquem a vontade, não precisamos de tantas formalidades aqui. Ancião Malcon você pode se retirar, eu cuido deles daqui pra frente.

— Como comanda Grande Ancião — curvando-se Malcon sai da sala, deixando assim os três irmãos na presença intimidadora do poderoso Artesão.

— Se espera que eu me desculpe pelo que houve entre mim e seu neto, saiba que...

— Hahaha eu não espero nada. Os jovens devem resolver suas próprias coisas. Mas sua habilidade é intrigante. Esse nível de controle nessa idade é mais que surpreendente.

— Obrigado Grande Ancião. Meu talento se deve sobretudo ao meu trabalho duro, não há nada de especial nisso.

— Hum... mesmo assim, gostaria que vocês três refizessem os testes de linhagem. — após um pedido incomum, porém esperado, os três sem opção concordam em fazer o teste novamente. Uma esfera dez vezes maior do que a primeira que usaram nos testes, foi posta diante deles.

Karon dando um passo a frente, foi o primeiro a ser testado. Todo o processo foi rápido e fora Uri que tinha uma concentração baixa de runas de linhagem, Karon era mediano e Ariel tinha uma concentração alta. O que explicava seu controle e uso do elemento secundário gelo. Claro que comparado a pessoas que nasciam com uma linhagem rúnica baseada no elemento gelo, Ariel era bastante comum.

Mas isso não diminuiu o olhar de satisfação do Grande Ancião. Sua admiração pela habilidade de Ariel era genuína.

— Você não decepcionou esse velho! — expressou com um sorriso de orelha a orelha — Apesar da concentração de suas runas de linhagem serem altas, o seu ponto forte está em sentir as partículas elementais do gelo, e manipular moldando em ataques eficientes. Se você se desenvolver mais, quem sabe o que será capaz de fazer?

— Obrigado pelo elogio Grande Ancião — em um tom nem humilde, nem arrogante Ariel responde calmamente.

— Quero te fazer uma proposta — sem perder o entusiasmo o Grande Ancião declarou.

Ariel e seus irmãos estavam atentos e curiosos afinal ainda não sabiam qual o real motivo que os trouxera aqui.

— Quero tomá-la como minha discípula.

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