Capítulo 1: animais.
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O homem narcisista diz: todos são hipócritas e defeituosos, mas eu sou quase perfeito.
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Kotae Quite
“Eu sou muito grata por ter alguém como você em minha vida.”
Como de costume, após fazer minha esposa, Sara, ter um osgasmo, ela elogiou-me. Sinceramente, nem sei porque ela continua me elogiando; é óbvio que ela ficaria satisfeita deitando-se com um homem como eu. Apesar disso, sinto-me bem.
Apesar disso, a conversa de agora é um pouco mais sentimental do que as conversas das vezes anteriores. Não sei se foi porque ela passou a frequentar um psicólogo e se deu conta da sorte que tem ao estar ao meu lado, ou se ela passou a ser mais gratas as coisas, mas ela se tornou mais emocional ultimamente.
“Enfim, vou tomar um banho.”
Sara levantou e eu admirei seu corpo nu por alguns instantes antes dela sair do quarto. Decidi levantar e tomar um banho junto com, mas por estar com preguiça, demorei 5 segundos deitado até que finalmente saísse do quarto e entrasse no banheiro.
Beijei o pescoço de sara.
“Pervertido… agora não.”
Respeitei a decisão dela; sou um bom marido, além disso, eu teria uma enorme dor de cabeça se a forçasse a algo e ela me denunciasse depois. Decisões ruins podem gerar frutos doces, mas tais frutos sempre tem vermes escondidos esperando a oportunidade certa para serem consumidos e entrarem em seu cérebro.
Assim que tomamos banho, voltamos para o quarto, nos vestimos e fomos para a sala. Como era meu dia de folga, eu planejava passar meu tempo apenas assistindo TV com minha família.
Apesar de desejar assistir um filme, Sara colocou um documentário sobre vida selvagem. Eu me incomodei um pouco, mas me consolei dizendo para mim mesmo que ao menos, é um conteúdo útil.
“Bom dia, papai!”
Sofia e Andrew disseram em unissono.
“Bom dia, meus filhos!”
Abracei meus dois filhos. Como sara, eles também gostavam de conteúdos inteligentes, todavia, ouso dizer e até colocou minha mão no fogo para defender que eles são inteligentes porque herdaram minha genética; sou avançado e acima da média, e desde tenra idade, tudo sempre foi fácil para mim; eu apenas observo, processo e analiso as informações apresentadas a mim e tomo uma decisão com base nisso.
Inclusive, o ‘eu’ que apresentou aos meus familiares, parentes, esposa e filhos é um ‘eu’ falso; um personagem; uma atuação. Quando conheci minha esposa, pensei: uma mulher como ela é digna de estar comigo.
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Eu meticulosamente e honestamente legalmente estakeei as redes sociais dela e memorizei todos os gostos dela, todos os passatempos e até mesmo segui ela algumas vezes. Com base nisso, eu criei um personagem que se adequa-se ao homem ideal de Sara. É um método trabalhoso, mas dá certo. Claro, sou eu quem o aplicou, então se não desse certo, tal método seria falho.
“Mãe, os animais vão para o céu?”
Sinceramente, estou um pouco surpreso que justamente o pirralho que questionava tudo tenha perguntado isso. Como superdotado, ele mesmo não acreditava na religião clássica; provavelmente, ele foi influenciado por minha capacidade de retórica quando conversei com ele semana passada.
A maneira como ele convenci ele é simples: se você acredita em Deus e ele existe, você ganha a vida eterna, senão, você não perde muita coisa. Já se você for ateu, além de todo o preconceito social que enfrentará, caso Deus existir, você vai perde a salvação, e se ele não existir, bom, você vai morrer normalmente, e ainda por cima não saberá se estará certo ou errado.
Andrew argumentou que tais argumentos não passavam de meras suposições, todavia, eu respondi: tudo nessa vida é uma aposta; desde você ir na rua até mesmo dormir. Não há como ter certeza absoluta de quase nada. Então, Andrew mudou de opinião.
Como esperado do meu filho! Herdou a genética do pai! Bom, Sofia também é muito inteligente, mas não tanto quanto Andrew.
“Não sei.”
“Quero dizer, eles pecam muito, comem até às presas vivas, não?”
“Filho, são animais, nossas regras não se aplicam a eles.”
De fato, são apenas animais, assim como vocês também.
Particularmente, eu não considero outras pessoas como humanas; a maioria são incompetentes, desleixadas, burras; dificilmente acho alguém do meu nível. É como se eu fosse o único humano em um mundo repleto de animais pseudo evoluídos. Não considero humano nem mesmo meus filhos e minha esposa; apenas a mim mesmo. Todos eles são apenas animais um pouquinho inteligentes.
Eu sou superior a eles.
“Enfim, vou dormir um pouco, você cuida das crianças.”
“Claro.”
Observei meu animalzinho dormir e admirei sua fofura; o estado de maior fragilidade de alguém é dormindo. Apesar de me considerar superior aos demais, eu não era um narcisista; eu ainda me considero humano; sou cheio de falhas e com certeza cometo erros, todavia, ainda sou superior aos outros, porque diferente deles, sou humano; um dos únicos humanos.
“Vamos brincar de um jogo? Que tal jogar bola?”
“Eba!”
“Prefiro xadrez.”
“Xadrez demanda concentração, e a brincadeira tem que divertir ambos, não apenas dois. Vamos.”
“Que chatice.”
Peguei uma bola de couro e comecei a jogar futebol com meus filhos. Jogamos até tarde. Sinceramente, mesmo que eu os considerasse inferiores, eu ainda os amava; eles sempre geraram um sentimento prazeroso para mim; gosto de estar com eles.
“Vamos! Vocês tem que tomar banho.”
“Sim!”
Assim que entrei em casa, senti tontura. Minha primeira reação foi estranha enquantoe apanhava na parede.
“Esta tudo bem, pai?”
“Sim… não, eu preciso….”
Eu desmaiei.
***
Não sei quanto tempo se passou desde que desmaiei, mas quando recuperei a consciência, eu não conseguia ouvir mais nada; mais precisamente, parecia que eu não tinha corpo.
Eu… entrei em coma? Estou no hospital? Não há como saber; talvez eu até tenha morrido e agora esteja na vida após a morte.
A possibilidade de eu ter morrido e perdido tudo que eu havia batalhado tanto para consulta me fez ter um calafrio na espinha.
Não; vamos pensar positivamente! Eu apenas desmaiei por causa de alguma coisa irrelevante e assim que eu acordar, minha família estará na minha frente e eu irei voltar para casa são e salvo.
Mesmo demorando, inevitavelmente aceitei que morri.
… Porra.
Minha casa, meu carro, minha conta bancária, minha família, tudo se foi; a única coisa que restou foi eu, minhas memórias, habilidades e experiência. Se bem que nem sei se vou perder isso também.
Merda…
“Olá.”
Uma voz serena interrompeu abruptamente meus pensamentos. Quase que imediatamente, sentieu corpo
se reconstruindo e todos os meus sentidos voltando junto ao meu corpo.
“Eu sou o guardião desta dimensão.”