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Rascunho do volume 1

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Não há como cancelar volume 1 incompleto já postado

Capítulo 0: 100 anos depois.

A cidade de Sunny estava destruída; o que outrora era repleto de glória, agora, apenas restaram resquícios de construções e seletos prédios que conseguiram escapar do ataque de nier espiritual maligno.

Aparentemente com uma expressão de êxtase, um homem andava pelos escombros pisando no sangue e nos corpos espalhados por toda a área.

“Seu desgraçado… filho da puta…!”

Disse uma mulher de dentro de uma barreira de Nier presa entre os escombros. Ela detém de uma beleza tão etérea que qualquer um que a visse diria que ela era um anjo.

Infelizmente, a natureza das palavras proferidas por ela contradiziam com sua aparência. Ela saiu dos escombros, cambaleando, e continuou a proferir palavras de ódio contra o homem, que riu em respostas a tais ofensas.

“Você é uma mulher engraçada; me atacam primeiro e eu que sou o filho da puta?”

“Mas… Ther… é diferente… é arriscado demais manter você vivo! Todo discípulo descendente do lorde demônio sempre veio a causar desgraças no mundo inteiro ao longo da história! Como poderíamos manter você vivo?”

Ao ouvir isso, Ther simplesmente modelou Nier e cortou a perna de Core, que caiu no chão, gemendo de dor. Depois disso, ele olhou nos olhos dela, fazendo a mulher tremer de medo.

“Está me dizendo que… todas as suas ações e as do seu povo foram baseadas em meras superstições? Algo me diz que até mesmo na sua concepção, não estou tão errado assim, pff.”

Core rangeu os dentes de raiva. Já fazia 30 anos que conheceu Ther. Apesar de reconhecer o poder dele e uma vez já ter considerado-o como um amigo, agora, eles já não eram nada mais do que inimigos.

É inevitável que se tornem inimigos; ela, uma descendente de deuses, e ele, um descendente da própria rainha demônio.

Core; nomeada assim por ser a herdeira do clã principal mais poderoso de todo o planeta. Tal nome representando tudo o que sua família e linhagem representa para o mundo; os indivíduos que moviam o mundo com uma única decisão, cujo poder poderia decidir o destino de cidades inteiras.

Esta é Core, a arrogante discípula da pureza e aquela que foi destinada à grandeza.

E em contrapartida, temos Ther; aquele que nasceu como um inválido; que inicialmente nem mesmo podia produzir e manipular Nier, e acima de tudo, filho de traidores que desertaram de uma guerra, agora, se tornou discípulo da rainha demônio.

O homem que uma vez foi conhecido como Un, a criança amaldiçoada, agora, de fato, se tornou uma maldição… não; ele se tornou uma calamidade.

Este é a calamidade Ther, conhecido como apóstolo da mentira e da destruição, e aquele que foi desonrado.

O nascido sem alma, o amaldiçoado discípulo da impureza, e aquele que foi destinado à miséria.

A única relação duradoura que Core e Ther poderiam ter era a de desprezo mútuo, ou a de ódio ardente.

“As vezes eu penso… que se eu tivesse nascido em um bom lugar, com uma boa estrutura e tivesse caminhando por passos honestos em um caminho moral, talvez o amor entre nós pudesse florescer, mas aparentemente, até mesmo nesse cenário, estávamos destinados a caminhar por caminhos ligeiramente diferentes.”

“Vai se fuder.”

Core o amaldiçoou. Ther riu; ele achou engraçado o fato de Core tentar amaldiçoar alguém que já nasceu amaldiçoado, todavia, ele continuou seu discurso.

“O destino é algo engraçado; estávamos destinados a nós encontramos, tornamos amigos e depois amantes, só para nos separar e nos reencontrarmos novamente como inimigos.”

“Se for para zombar de mim, então me mata logo, porra!”

Ther suspirou; Core tentou matar Ther várias vezes, mas ele não guardou nenhuma mágoa; já esperava por isso a muito tempo (e até achava divertido). Todavia, hoje, ele iria dar o aviso final: aquela era a última vez que ele iria poupar Core. Se ela tentasse matá-lo de novo, ele simplesmente deceparia a cabeça dela.

Ther só não matou Core até agora porque a morte de alguém como Core abalaria um país inteiro e ele se tornaria não apenas um inimigo continental, como também mundial. Entretanto, Ther considerou seriamente matá-la agora; até a paciência de alguém como ele tinha limites.

Em contraste com esses desejos, ele lembrou de outra pessoa.

“Será que… Chatte também seria assim caso estivesse viva?”

Ther riu do próprio murmúrio; alguém como Chatte, que tinha deficiência em Nier nunca conseguiria se tornar tão forte e confiante quanto Core, alguém que nasceu em berço de ouro, e com uma linhagem de ouro. É injusto, mas é a verdade.

“Core.” Ele continuou. “C-o-r-e….”

“C-o-r-e M-o-o-n-l-i-g-h-t w-i-n-g-s”

Ther soletrou o nome completo de Core em um tom infantil e irônico, o que só enfureceu a mulher; tal ato claramente foi uma zombaria para com ela; o que Ther havia feito é a mesma coisa que comparar ela com uma criança que precisava aprender o alfabeto.

Ther permaneceu em silêncio por um tempo, e depois de 5 segundos, ele finalmente abriu a boca.

“2 vezes.” Ele continuou. “Você tentou me matar 2 vezes. Inicialmente, não revidei, porque a morte de alguém como você significaria que a família Moon Wings ficaria sem um lider, e uma família tão poderosa como a sua família, do jeito conflituosa que ela é, iriam dividir este país de 8.510.417,771 km² em 5 pedaços e lutaram entre si para adquirir toda a pizza, causando mais mortes e desgraças, todavia, Core, minha paciência não é infinita; não haverá terceira vez. Qualquer tentativa contra minha vida irá terminar na sua morte.”

“Pff, Ther, se você me matar, será caçado pelo continente inteiro!”

“Core, apenas me responda algo: quem iria tentar me caçar enquanto tentar desesperadamente manter o próprio poder porque está sofrendo ataques contínuos de alguém que deseja suas terras?”

O semblante de Core escureceu.

“Entendeu agora, pequena Core?”

Em um gesto carinhoso, Ther acariciou o cabelo roxo de Core, e olhou em seus olhos verdes.

“Pequena Core, estou me esforçando ao máximo para que a profecia sobre eu destruir este continente não se cumpra. Agora, diga para mim: você entendeu?”

“Sim…. Sim.”

“Ótimo!”

Ao ouvir isso, Ther sorriu satisfeito. Sua vida já era difícil por ser a mais forte das 5 calamidades, se esse continente fosse destruído, ele deixaria de ser apenas um inimigo continental e se tornaria um inimigo mundial.

Claro, ele não pode destruir um continente inteiro diretamente, todavia, ele podia destruir cidades importantes, capitais, matar pessoas das quais mantém a economia girando, envenenar a água, e manipular Nier e energia invertida para destruir plantações inteiras e fazer esse país ter uma crise.

“Adeus, Core!”

Depois de se despedir, Ther saiu da cidade destruída, se desmarcou, ocultou e camuflou a própria mana e correu, pulando algumas por 5 horas até uma cidade qualquer… do outro lado do continente.

Ele era um mestre do disfarce, e era quase impossível encontrá-lo caso ele não usasse sua energia própria. Inclusive as únicas vezes que ele foi encontrado foi quando estava

“De fato, as decisões da família Moon Wings podem decidir o destino de um continente inteiro.”

Ele riu. O resto do dia será longo.

***

Capítulo 1: sacrifico, mas não agora.

Um garoto que parecia não ter mais que 14 anos andava pelas ruas sujas . Apesar de ter uma aparência bonita, suas roupas são velhas e rasgadas, e seu semblante, solitário, triste, amargurado.

O nome daquele garoto é Un.

Ele entrou em uma loja qualquer. Um homem de meia idade sentado em uma cadeira atrás de um balcão o olhou com desprezo.

“Saia daqui! Vai acabar afastando meus clientes!”

“Senhor, eu posso limpar qualquer lugar daqui em troca de um prato de comida.”

Un falou, seu corpo tremendo e a voz gaguejando, e o homem de meia idade, mal humorado, saiu de trás do balcão e deu um tapa no garoto, que cambaleou, mas rapidamente recuperou o equilíbrio.

O homem acertou mais um tapa, e dessa vez, Un caiu no chão.

“Saia daqui antes que eu te espanque! Seu amaldiçoado! Você está pagando pelo pecado dos seus pais!”

Ele levantou rapidamente e saiu correndo da loja. Un continuou correndo até uma praça próxima da cidade, e se sentou em um banco.

Ele começou a refletir sobre a própria situação.

Órfão, sem dinheiro, sem perspectiva, preste a ser expulso de sua casa (se é que dá para chamar um casebre abandonado de casa) porque iriam fazer uma construção no lugar. E como se isso não bastasse, sua irmã mais nova de 7 anos está doente, e ele tinha que arranjar um emprego rápido para comprar um remédio ou uma erva medicinal para cura-la.

Mesmo em tenra idade, Un percebeu que ele era um ninguém, e como um ninguém,

Ele queria chorar, mas estava cansado demais para tal.

“Pirralho, saia da praça.”

Um guarda, coberto por uma armadura de Yoru. Sua presença por si só era imponente, e seu olhar, esmagador.

Mais uma vez, o guarda disse friamente.

“Saia daqui. Está faltando os turistas. Sabe, se for para mendigar, vá até as periferias, não aqui.”

“Ok.”

Apesar do guarda parecer que não iria fazer nenhum mal a Un, ele saiu por medo de ser agredido.

Agressões e xingamentos sempre foram parte do cotidiano de Un. Às vezes, ele se perguntava o porquê das pessoas o tratarem assim, mas ele sabe a resposta; ele e sua irmã nasceram como um dos filhos dos traidores.

Simplificando: houve uma guerra; o país de Jihie e Charlote disputaram para reivindicar a terra fertil de Will. Os pais de Un eram desertores. Assim que eles foram pegos, foram executados, e os seus bens, confiscados.

Além de ficar órfão, Un ficou desamparado, mas isso não era o pior; ele nasceu como um portador de shiro; uma doença que impede a absorção e criação de Nier, a energia espiritual, e a essência do céu e da terra do mundo de Inverted Hana.

Neste mundo, força é tudo, e Nier é o que determina se alguém será inteligente, forte, e se terá poder; inúmeros estudos científicos já provaram que Nier aumenta tanto a capacidade mental como a física.

Em um mundo assim, ser incapaz de manipular energia espiritual é a mesma coisa que ser um inválido. Quem iria contratar alguém assim quando existem concorrentes melhores?

Até o próprio nome ‘Un’ significava azar no idioma antigo de Nese. Originalmente, o nome de Un iria ser Sorte, mas após a execução de seus pais, ele passou a ter o apelido de “o descendente da desgraça”.

Depois que uma senhora chamou-lhe de ‘un’ em uma brincadeira de mau gosto, ele passou a ser chamado assim desde então.

Un saiu da área da cidade e foi até uma floresta. Lá, ele procurou por ervas medicinais. Mesmo sendo um dos filhos de um traidor e tendo Shiro, ninguém pode negar educação a Un; ao menos, ele aprendeu a ler, como toda criança, mesmo que não soubesse as regras gramaticais direito, muito menos conseguisse escrever apropriadamente. Todavia, isso não impediu Un de roubar um livro de ervas medicinais e estudar um pouco sobre e uma enciclopédia. Quando sua irmã ficou doente, ele instintivamente sabia a sua doença e a erva que ela precisava.

Sua irmã, Chatte, não era como ele; pode cultivar, criar e manipular Nier. Mesmo que não tenha talento e tenha deficiência em Nier, ela é esforçada e conseguiu alcançar um nível aceitável… ao menos para Un.

O sonho de Chatte era adentrar na academia Castelo de Lótus, e Un iria se esforça ao máximo para ajudar-la a tornar o sonho dela realidade.

Un andou pela floresta tomando cuidado para não encontrar nenhum animal perigoso. 2 horas se passaram, e ele ainda não encontrou a erva de Ter.

Un estava quase desistindo, até que viu uma erva branca ao longe. Ele se aproximou para verificar, e quando percebeu que finalmente achou a erva que tanto procurava, ele gritou de felicidade.

“Achei!!”

Un pisou sem querer em uma formiga. Ao olhar para o que restou dela, ele comparou a formiga consigo mesmo.

De fato, nesta sociedade, Un não era nada mais do que uma formiga destinada a ser pisada pelos outros, entretanto, ele não iria que isso acontecesse com a irmã dele.

Un direcionou a própria atenção novamente para a erva, e foi até ela. Em contraste com sua alegria, Un ouviu um rugido alto. Quando ele olhou para trás, ele congelou de terror.

Um monstro com cabeça de leão, asas gigantes de águia, e com três caudas que tinham uma calda com uma cabeça de cobra em cada estava diante de Un.

O monstro salivou, e Un tremeu.

Ele sabia dos riscos de adentrar na floresta sozinho, mas nunca pensou que pudesse encontrar um monstro deste nível de periculosidade, mesmo nesta floresta.

O monstro avançou.

Apesar de inicialmente ter congelado de terror, neste momento, Un não sentia absolutamente nada; ele apenas aceitou a própria morte e desejou que sua próxima reencarnação tivesse uma vida menos pior do que a atual.

Quando o monstro estava há centímetros de morder Un, ele foi partido ao meio. O cadáver do monstro caiu em cima dele, melando-o de sangue.

“Garoto, não sei se chamo você de suicida ou apenas de estupido.”

Disse um homem que aparentava estar no início dos 40 anos. Sua constituição física era forte, mas ao mesmo tempo, magra. Seu olhar, firme, todavia, tingido de loucura.

Un saiu tirou o monstro de cima de si e levantou só para olhar para o homem e ser pego em um transe por causa de sua aparência estranha… ou exótica.

-’que homem assustador!’

A pele do homem era altamente bronzeada, maltratada pelo sol, e seus olhos pretos pareciam não ter luz nenhuma. Se alguém visse aquele homem, provavelmente pensaria que ele tinha esquizofrenia por ter uma expressão de loucura em seu rosto.

“O que aconteceu, garoto? Se cagou de medo, foi? Hahahaha.”

Un finalmente saiu do transe.

“Claro… claro que não.”

Un respondeu, gaguejando. Ele ficou envergonhado, mas rapidamente se recompôs; não queria demonstrar tal sentimento a terceiros.

“... Uma boa caçada.”

O homem simplesmente ignorou Un e foi até o cadáver do monstro. Apesar de ficar irritado, Un não demonstrou; apenas pegou a erva e apenas saiu dali… ou sairia, se o homem não tivesse impedido ele.

“Garoto, qual o seu nome?”

“O.. o que?”

“Seu nome?!”

“Ah… Un.”

“Ótimo, meu nome é Lei. Enfim, por que precisa desta erva?”

“Minha… minha irmã está doente! Ela… tem febre alta e…”

“Fluxos de Nier irregular, né?”

“ Como um amaldiçoado, você não deveria sentir o fluxo de Nier, logo, presumo que provavelmente alguém disse isso a esse garoto…” Lei murmurou.

“Enfim, ao menos sabe como preparar está planta? Sabe que precisa de outras plantas também para tratar fluxo irregular, não?”

Ao ouvir essas palavras, o coração de Un ficou pesado.

“Eu… eh…”

“Hahaha.”

O homem riu, tirou um saco de moedas do bolso e jogou no chão.

“Essas moedas devem ser o suficiente para contratar um médico e comprar algumas ervas. Todavia, não são de graça, garoto; eu estarei na praça rica as 10:30, então me encontre lá amanhã! Preciso de um assistente.”

Mesmo que tenha dito isso, Lei não esperava que Un aparecesse na praça amanhã; ele apenas doou moedas para Un porque sentiu pena dele.

Apesar disso, caso Un aparecesse, ele de fato pretendia fazer dele um assistente. Mesmo que Un fosse um inválido em questão de Nier, ele podia ajudar-lo de alguma forma. Os portadores de Shiro não era inúteis; a sociedade que os faziam parecer serem inúteis.

Claro, é desonestidade negar que contra a concorrência, portadores de Shiro não são nada, afinal, Nier também melhora o intelecto de alguém, todavia, Un parecia ser alguém com uma inteligência acima da média, mesmo entre os manipuladores de Nier.

“Obrigado, senhor!”

Un pegou as moedas e saiu correndo para a cidade. Finalmente, sua irmã estaria a salvo! Ao menos, foi isso que ele pensou.

Ao passar pelas ruas dos bairros mais decentes e finalmente adentrar o bairro pobre do qual morava, e pisar em uma rua sem pavimento, Un foi parado por um grupo de garotos.

“Então, como vai? Esqueceu de mim?”

***

Capítulo 2: Audácia.

***

— As pessoas de um mundo sádico tendem a serem sádicas.

***

grupo de 5 cercaram Un, que ficou com o semblante tingido de ódio; aquele garoto ja causou muitos problemas para Un; ele não conseguiu superar até hoje quando Carlos roubou algo de uma loja qualquer e quando procuraram o ladrão,o Carlos afirmou ter visto Un roubar a loja.

É muito audácia!

“Não tenho assuntos a tratar com você.”

“Isso é o que veremos. Pessoal, revistem ele!”

Un socou a mandíbula de Carlos e saiu correndo. Mesmo que ele não tivesse força o suficiente para derrubar um garoto manipulador de Nier que era 2 anos mais velho que ele, o soco ainda o deixaria atordoado por alguns instantes.

Carlos riu ao perceber que foi socado. ‘ele realmente acha que consegueria me vencer?’ ele pensou.

A principal razão pela qual Carlos fazia Bully com Un era pelo simples fato dele ser mais fraco que ele. Para Carlos, era como uma demonstração de poder.

Carlos não sabia disso, mas tal comportamento é fruto de sua pobreza moral, intelectual, e financeira. No fundo, ele é só mais um pirralho com o autoestima baixo tentando provar para si mesmo que não era uma formiga neste mundo.

A unica diferença entre Un e Carlos é que Un não pode nem mesmo ser considerado um operário, já Carlos é uma tanajura; grande, irritante, a picada dói, mas no final, irá ser esmagada do mesmo jeito que uma formiga comum.

“Vamos atrás dele.”

Os garotos correram. Não demorou muito para alcançarem Un e o cercarem.

“Espanquem ele!”

Violência caiu sobre o corpo ‘abençoado’ de Un. Ele se encolheu e tentou proteger a cabeça com as mãos. Ele sentia muito dor, mas aguentou.

Os garotos revistaram Un e pegaram a bolsa de moedas.

“Não!”

“E o que você pode fazer? Hahaha.”

Un levantou; por mais que estivesse com muito dor e provavelmente alguns ossos quebrados, sua raiva superou em muito a sua dor física.

Un tentou atacar Carlos, mas um dos seus “pequenos subordinados” o empurrou, e ele rolou no chão.

“Em grupo é fácil, bando de covarde.”

“Não é como se houvesse muita diferença entre eu lutar com você em grupo ou sozinho; você vai apanha do mesmo jeito.”

Carlos zombou. Tecnicamente, o que ele disse era verdade; a questão é que se apenas ele bater em Un, apenas ele se divertiria; humilhar Un era um prazer que Carlos queria compartilhar com os seus amigos.

“Por que você não luta comigo, no mano a mano?”

Carlos olhou para Un, e ponderou sobre qual resposta deveria dar aquilo.

“Está com medo?”

“Pff, corteja a morte é o seu novo hábito! Muito bem, garotos, se afastem, eu cuido do lixo!”

O grupo se afastou, e Carlos foi até Un.

“Como sou misericordioso, eu vou deixa você me bater primeiro!”

Un socou o queixo de Carlos com toda a sua força. Depois, tentou socar pela segunda vez, mas Carlos segurou a sua mao. Apesar de Carlos ter ficado um pouco tonto, ele não teve nenhum dano grave e rapidamente se recompor.

“Agora, é minha vez!”

Carlos agarrou Un pelo braço, o ergueu e o jogou contra a parede de uma cada. Un bateu a cabeça na parede de pedra, e entrou em um estado de confusão; como se estivesse entre a vida e a morte.

Carlos riu ao ver a cabeça de Un sangrando; ele nunca havia cometido algo assim antes; no máximo, já torturou animais de pequeno porte, como gatos ou filhotes de cachorro, mas nunca havia feito um humano sangrar… ao menos, aquela quantidade de sangue.

“Ihhh… eu acho que ele morreu.”

Exceto Carlos, todo o grupo de garotos soaram frio. Eles já agrediram muitas pessoas, mas nunca mataram ninguém. Qualquer um poderia perceber que a atmosfera do beco onde eles estavam ficou pesada.

“Será? Bom, tanto faz.”

Carlos não se importava com aquilo; a única preocupação dele era esconder o corpo. Apesar disso, ele não se importava em ser pego, afinal, o máximo que iria acontecer era algum trabalho forçado (como varrer as ruas), e uma reclamação de sua mãe.

Un é um portador da síndrome de Shiro, já Carlos, um membro saudável da sociedade, mesmo que a sua sanidade seja… nem o próprio Carlos se achava normal.

A diferença de valor entre os dois é nítido.

Carlos pegou o corpo de Un, o arrastou e o colocou em uma lixeira próxima dentro do beco. Depois disso, ele e seu grupo deixaram o local do crime.

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***

“Un…”

2 horas haviam se passado, e Un finalmente recuperou a consciência. Uma dor de cabeça insana o fazia gemer de dor.

“que dor! E que cheiro é esse?! Porra!”

Un tentava se movimentar com dificuldade, e a cabeça dele só doía cada vez mais. Apesar disso, ele conseguiu se levantar, sair de dentro da lata de lixo e andar em direção a saída do beco.

Depois de 5 passos, Un quase caiu no chão; sua visão turvou e seu equilíbrio se enfraqueceu. Após 5 segundos, ele retomou a caminhada.

O coração de Un se afundou em raiva. Se ele pudesse, torturaria Carlos e sua gangue até a morte, mas como não tinha poder para tal, a única coisa que podia fazer era fantasiar.

[“Situação difícil a sua, garoto.”]

Un olhou para trás e viu uma mulher de olhos verdes e cabelos azuis. Chifres saiam de sua cabeça, mas Un não conseguiu prestar atenção nisso.

Aquela mulher é a mulher mais bonita que Un viu em toda a sua curta vida.

[“Como está, Un?”]

Abruptamente, Un saiu do transe quando a mulher o chamou pelo nome. Ele começou a se pergunta como ela sabia seu nome, e finalmente percebeu os chifres na cabeça da mulher.

‘Ela está na forma despertada?’

Ele rapidamente descartou esta possibilidade; porque alguém que despertou a forma espiritual física iria visitar um lugar tão miserável quanto onde ele morava? Impossível. Provavelmente, a mulher só é uma alucinação de sua mente.

[“Oi? Está me ouvindo? Sabe, Lutar contra eles não foi uma ação muito inteligente.”]

“Como assim?”

[“Não foi uma ação inteligente lutar contra eles, garoto. Além do mais, não precisa falar em voz alta, eu posso ler seus pensamentos!”]

“Como se já mera alucinação soubesse de alguma coisa, hmph.”

O garoto zombou. A primeira coisa que Un pensou é que a mulher em sua frente era uma alucinação. Ele suspirou; sua vida já era difícil, e agora, ele provavelmente ficou com alguma sequela da porrada na cabeça.

“Você é um garoto engraçado; realmente acha que sou uma alucinação?”

Ele hounpara a mulher.

“Meu nome é Yorier. Sou a mais poderosa lorde demônio. Você deve se sentir honrado, garoto.”

Un simplesmente ignorou o discurso da mulher e foi mancando para casa; ele acabara de ter o dinheiro que irrita usar para comprar remédio para sua irmã roubado, não podia perder tempo com… delírios.

Mesmo que piore, o que Un pode fazer? Ele é pobre.

“Oi, irmão, como vai?!”

Chatte cumprimentou Un; aparentemente, ela melhorou da febre, mas sua postura era um pouco torta; provavelmente por causa da cor no peito.

“Você…”

Quando Chatte percebeu o sangue na cabeça do irmão, ela ficou em choque.

“O que aconteceu?! Te bateram?!”

“Eu caí. Sou um bastante desastrado as vezes… hahaha.”

Un tranquilizou Chatte, mas ela não acreditou em uma única palavra dele.

“Mentiroso!”

“Calma, Chatte. Está tudo bem, já passou.”

Uh abraçou Chatte. Dessa vez, Chate finalmente calou a boca.

“Quando eu crescer… me certificar eu que ficarei forte o suficiente para que alguém pense duas vezes antes de bater em alguém da minha família.”

“Com certeza, você conseguirá!”

Os dois entraram em casa e foram para a cozinha. Lá, Un se sentou na mesa, e olhou para o pão duro e a água.

‘Um dia, será sopa com carne, e suco.’

Este era o sonho de Um; mesmo que o mundo estivesse contra ele, e a sorte não estivesse ao seu favor, ele iria tornar tal sonho real; ele daria sua vida por isso. E aquele cara o ajudaria nisso.

***

Capítulo 3: fragmento das memórias de Un.

***

Na guerra, muitos se sacrificam pelo interesse de poucos.

***

“Sinto muito, mas seu filho tem síndrome de Shiro. Ele não é capaz de produzir nem manipular Nier.”

O boneco na mão do garoto caiu enquanto o tempo parecia desacelerar em sua visão embaçada pelas lágrimas que iam se formando.

Outrora, o garoto veio de expectativas para o futuro e que sonhava em se tornar um forte manipulador de Nier, dar orgulho aos seus pais e fazer com que sua família de e junte ao topo da hierarquia social, agora está cabisbaixo, decepcionado com o destino, e acima de tudo, consigo mesmo.

Normalmente, as pessoas despertam o núcleo de Nier após os 5 anos, mas ele já tinha 10 anos e não havia despertado. Normalmente, até mesmo despertares tardios ocorriam no máximo aos 7 anos, tal demora era preocupante.

Seus pais, preocupados, o levaram para uma consulta ao médico para avaliá-lo e descobrir o que havia de errado.

Finalmente, descobriram algo que até somente um psicopata desejaria para alguém; Un não era apenas um inválido, ele era um amaldiçoado.

“Impossível! Com certeza o núcleo dele despertará!”

“... Mas senhora…”

Iris não conseguiu aceitar a realidade de primeira; ela, uma mulher forte, não conseguiu aceitar que o próprio filho era um amaldiçoado. Por isso, começou a discutir ferozmente com o médico.

“Se você continuar com isso, irei chamar os seguranças!”

Iris ficou em silêncio.

“Senhora, por mais que está síndrome seja extremamente raro e não tenha cura, eu recomendaria… Não há o porquê se preocupar; a família de vocês têm finanças o suficiente para que a criança viva sem grandes problemas, mesmo que… não seja uma vida luxuosa, afinal, vocês são significamente pobres. Mas ainda sim, ele conseguirá viver bem.”

Após dizer isso, o médico tomou um gole de água como normalmente sempre fazia. E Iris, totalmente desolada, saiu do consultório, junto de seu filho e de Yuki, seu marido.

“Merda…”

Esta foi a única palavra que ele conseguiu falar. Não importa a perspectiva que olhassem, Un não tem futuro naquele mundo; ele simplesmente nasceu amaldiçoado e que por nascer amaldiçoado, estava destinado à miséria.

O garoto chorou. Aquele chorou foi como uma machadada no coração de Yuki. Ele e sua esposa sempre se consideraram pessoas fortes, e agora, descobriram que não eram tão fortes assim, só não tinham perdido algo muito importante.

“Pai… eu conseguirei ser um manipulador de Nier?”

“Não importa se você consegue ou não se tornar um manipulador de Nier, nós sempre te amaremos, filho!”

Após dizer isso, Yuki acariciou a cabeça de Un, seu filho; ele o consolava. Infelizmente, Un teve que reformular todos os seus sonhos; para um garoto de 10 anos, não era algo fácil de se fazer; é difícil aceitar o fato de que se é inútil, que nunca conseguirá alcançar os próprios objetivos, e que dependerá dos outros a vida inteira. Ele sempre desejou crescer rapidamente e se tornar adulto, alcançar a própria independência, e agora, ele tem que desistir disso.

Depois daquele dia, Yuki começou a tratar ele diferente; com certa indiferença, mas ainda conversava com ele. Já a Iris, simplesmente não falou mais com ele.

Iris não suportou a ideia do próprio filho ser um inválido, por isso, como um ato de autoproteção da cor de olhar para Un e sempre lembrar do dia no hospital, ela passou a ignora-lo.

Tal tratamento fez com que a autoestima de Un só afundasse cada vez mais; como alguém amarrado a um saco cheio de pedras.

Desde que descobriram que Un era um inválido, o cotidiano da família de tornou sombrio, só menos, era o que o garoto pensava.

Com o passar do tempo, Yuki tratou melhor Un, e até conversou com Iris em uma tentativa falha de fazer ela parar de ignorar Un. E se seguiu assim até a época da grande guerra.

Yuki e Iris foram convocados. Mulheres geralmente eram melhores em manipulação de Nier do que homens, tanto que a sociedade no geral era matriarcal. Todavia, Yuki era talentoso e conseguia manipular Nier de tal forma que daria trabalho para qualquer oponente.

Na batalha no rio de janeiro, Yuki e Iris foram encurralados. Os números dos soldados inimigos era gritante; não havia como eles sair vivos dali.

Naquele momento, tudo o que Yuki pensava era em seus filhos e os momentos que ele perderia caso morresse ali, e como Un ficaria desamparado.

Com base nisso, ele conseguiu fugir com Iris. Depois, ele descobriria como acobertar a fuga e fazer parecer que eles eram os únicos sobreviventes.

Infelizmente, descobriram que eles fugiram da batalha. Desertar era um crime grave, punido com execução.

Eles foram executados. Fugir foi um erro; se eles lutassem até a morte, pelo menos seus filhos teriam amparo, pois por mais que Iris e Yuki não fossem ricos, eles ainda possuíam bens que poderiam ser vendidos, mas como morreram como traidores, seus bens foram confiscados e Chatte e Un ficaram desamparados.

Un e Chatte foram para um orfanato só para serem expulsos de lá por mau comportamento. Depois, se tornaram mendigos vagando pelas ruas.

Depois de 5 anos, finalmente se ‘estabilizaram’ entre muitas aspas para não dizer o contrário; os dois eram literalmente mendigos morando em uma casa abandonada que só tinha energia porque Chatte alimentava com Nier uma lâmpada que havia roubado.

Provavelmente, eles continuariam assim se Chatte não apresentasse uma boa manipulação de Nier a nível Micro. Por mais que ela não fosse talentosa o suficiente para se tornar uma guarda, afinal, ela tinha a força física abaixo da média, era até ligeiramente mais fraca que Un. Sendo abaixo da média em combate, caso ela estudasse, poderia se tornar uma boa médica ou cientista, pois manipular nier a nível Micro era mais difícil do que a nível macro; para a maioria dos usuários de Nier, se era quase impossível modelar Nier em linhas mais finas que uma uma agulha e manter a consistência por muito tempo, é praticamente impossível criar algo que seja menor que uma célula. Por isso, pessoas habilidosas como Chatte eram altamente requisitadas como pesquisadoras.

Existem 3 academia de Nier que fazem parte da elite: Academia real, academia de Tomás e academia de Lótus, e Un, que se encontrava sem nenhum objetivo de vida, decidiu dedicar ela a ajudar Chatte a subir na carreira. Se ele não pode trabalhar, ele vai mendigar; se não pode mendigar, irá roubar.

Se o mundo aponta o dedo do meio para ele, ele aponta os dois dedos do meio para o mundo.

***

Após acordar, Un deu de cara com Yorier.

“Olá, dorminhoco. Como vai?”

Ignorando ela, rapidamente levantou da cama.

“Irmão? Vai aonde?”

“Não tenho tempo para conversas, eu acho que conseguirei arranjar um emprego hoje.’

Olhos de Chatte brilharam.

“Sério?”

“Sim.”

Após este breve diálogo, Um correu para a praça, e esperou até finalmente o relógio da igreja marcar 10:00. Entretanto, Lei não apareceu. Um decidiu esperar só mais uma hora. Quando o relógio marcou 11 em ponto, Lei finalmente apareceu.

“Está atrasado.”

“Mas vim, não vim? E você também veio, hahaha.’

O homem riu.

“Enfim, siga-me, garoto.”

Un seguiu Lei até a floresta e entraram em uma casa que parecia abandonada; eles foram até o porão da casa e entraram em uma espécie de laboratório.

“Enfim, pirralho, aqui é o meu laboratório pessoal! Encantado?”

“Nem na próxima vida.”

“Assim você me deixa tristinho, mas enfim! Vou te mostrar a anatomia daqui! Você precisa se familiar com os lugares. Veja.”

Lei foi mostrando todos os quartos para Un, explicando-os meticulosamente.

“Aqui, é a área onde estudo plantas. Ali, é onde estudo animais, aqui, é para história, ali, geografia, o quarto 9 é onde armazeno o corpo de monstros, e 10 é onde fica minha biblioteca, e o quarto 11 é meu favorito; é onde eu faço meus experimentos!.”

“Entendo.”

Assim que os dois entraram no quarto, Un quase vomitou.

“Quanta falta de entusiasmo, mas enfim, finalmente, você chegou ao paraíso científico!”

Um ficou enojado ao ouvir isso, mas não demonstrou; ele precisa de um emprego, afinal.

“Aliás, quanto você está pagando?”

“Hmmm… 150 reais de Nese por mês.”

Un ficou embasbacado; era praticamente o exato valor de um salário mínimo. Ele não ficou impressionado porque era baixo, mas sim porque era alto… até demais. Por isso, ele desconfiou.

“Por que…”

“Garoto, é difícil encontrar um aprendiz confiável, e você, mesmo passando fome, nunca roubou de outras crianças, apenas de donos de vendas que lhe tratavam mal. Além disso, você parece significamente inteligente, mesmo para um garoto amaldiçoado, mas enfim, está feliz?”

“Sim, mas como eu vou consegui ajudar aqui de eu não manipulo Nier?”

“A resposta é simples: estou entediado.”

“????”

“Basicamente, eu quero estudar a síndrome de Shiro. Ela é incrivelmente rara e no máximo 5 casos em 500 anos aparece, ou seja, dificilmente encontrarei outra oportunidade de estudar tal síndrome.”

O motivo de Lei contratar Un não era apenas por pena; ele realmente queria estudar Shiro; tal interesse já residia nele há vários anos. Felizmente, ele achou a cobaia perfeita… ou melhor, o paciente perfeito.

“Irá fazer experimentos estranhos comigo?!”

“Não, garoto, apenas estudar de forma normal.”

“Entendo.”

“O que me diz? Aliás, o primeiro pagamento é hoje.”

‘não é como se eu tivesse muita escolha…’ Un pensou.

“Eu topo.”

***

1 semana se passou desde que Un começou a frequentar o laboratório de Lei. Por mais que ele se sentisse desconfortável em ser uma cobaia, o medo de passar fome é maior do que seu desconforto. Estranhamente, Yorier não falou uma palavra até agora.

Além disso, não é só como ele só fosse submetido a experimentos; ele também conseguia estudar graças aos livros da biblioteca da sala 10.

“Lei.”

“O que foi?”

“Por que não me chamou logo quando nos conhecemos?”

“Eu precisava preparar o equipamento de pesquisa, e isso demora um dia. Agora cale a boca e vire-se.”

Un se virou, e o escâner mágico escaneou todo o seu corpo.

“É estranho. A anatomia geral do seu corpo é um pouco diferente das demais, meio que… perfeita demais; literalmente os dois lados do seu corpo são idênticos e você não tem pelos em outra parte do corpo a não ser na cabeça. Seu núcleo de Nier aparenta estar saudável em uma visão superficial, mas não produz Nier nenhum, além disso, não há nenhum problema na anatomia dele… É como se o problema não fosse físico…”

[“Por que não é.”]

Depois de uma semana sem falar nada, Yorier abriu a boca. Un instintivamente entrou em um estado de alerta. ‘é uma mau presságio’ ele pensou.

[“O que você quer dizer com isso?”]

[“Seu problema não é físico, mas espiritual, pirralho.”]

[“Explique melhor.”]

Apesar de Un pedir uma explicação, Yorier não falou mais nada.

“Seu sangue também reage ao Nier de forma estranha, ele não o absorve, apenas o deixa ir embora…” Lei murmurei.

“Enfim, juntei todo os sangue que tirei de você e irei colocar em um animal que controla Nier para ver o que acontece.”

“Ok.”

Lei misturou o sangue de Un com sangue de um monstro e colocou a mistura no microscópio. Ao analisar, ele descobriu que o sangue do monstro matou as células sanguíneas de Un. Ele repetiu o experimento 5 vezes com sangue de outros tipos de monstros, e sempre aconteceu a mesma coisa.

“Hmmm… interessante.”

“Senhor, de qual animal você tirou o sangue?”

“Ah, me siga.”

Un seguiu Lei até o quarto 9, e ficou horrorizado com o que viu; a coleção de Lei ia de monstros empalhados até mesmo a monstros em tubos de líquido mágico.

Um olhou para um cachorro mergulhado em líquido Nier.

“Aqui, é de onde tirei o sangue para os experimentos.”

“Por que?”

“Ah, eu pesquiso sobre eles também.”

“ E o cachorro?”

“Ele morreu depois de fazer alguns experimentos com ele.”

“Quais experimentos.”

“Bom, eu queria testar se animais podiam ter depressão, então torturei o cachorro por 5 meses. No sexto mês, ele ficou tão triste que nem conseguia comer.”

A expressão de Um endureceu.

“Mas se ele não é um monstro, é injusto fazer isso com ele, não?”

Lei riu.

“Garoto, o mundo não é justo, além disso, e daí? Quem governa o mundo são os fortes, e os fracos são obrigados a obedecer à vontade dos fortes. E daí que se você vai ser forte ou não depende de sorte e não de esforço? O que importa é a força. Estamos em um mundo onde o egoísmo reina e se você não for egoísta, irá ser devorado pelos que são. A natureza é assim; um devorando o outro, e o fraco sendo despedaçado pelo forte. Você é o que mais devia saber disso, afinal, é fraco e já foi humilhado muitas vezes, não? Além disso, é só um animal, não um humano, então por que você se importa?”

“Mas uma lei onde só beneficia os fortes…”

“Até leis humanas favorecem aqueles que são fortes. Por exemplo, a lei contra roubo favorece aqueles que têm autocontrole forte, ou seja, a lei, de maneira geral, beneficia aqueles que têm uma capacidade forte de seguir regras. Nós não somos diferentes da lei natural nesse sentido.”

Un não conseguiu refutar a afirmação aí de Lei, porque tudo o que ele falou era verdade.

“Enfim, seu turno acabou, garoto, te vejo amanhã.”

“Tchau.”

Un saiu do casarão. Inicialmente, ele planejava apenas ir direto para casa através de um atalho que ele pegava todos os dias para não ser ‘roubado’ novamente. Entretanto, após passar entrar na estrada do tal atalho, ele ouviu um som de passos de cavalos mágicos.

‘Um desfile?’

Apesar de slimes serem utilizados como uma montaria mais popular por serem facilmente domesticados e servirem bem como montaria tanto no céu tanto na terra, cavalos ainda eram usados para desfiles,

Um decidiu dar uma olhada. Ao atravessar a rua e ir correndo até a praça principal, ele conseguiu ver o desfile, e ter um vislumbre da filha do governador da cidade, Liliete Light Knight.

Apesar da garota aparentar ter a mesma idade que ele e ser uma potencial beldade, ele não prestou atenção nisso; apenas suspirou; a família Moonlight Wings é comandada por pessoas sem vergonha, pois literalmente gastam dinheiro com desfiles todos os meses, mas não procuram resolver os problemas das classes mais baixas. Esses desfiles servem para que? Para esbanjar riqueza? Poder?

Un sentiu um pouco de inveja de Liliete; ela tinha tudo que ele não tinha: um bom ambiente onde podia se desenvolver apropriadamente.

Além disso, ela podia manipular Nier.

[“Já se perguntou o porquê de você não conseguir manipular Nier?”]

Pela terceira vez no dia, Yorier abriu a boca.

***

Assim que Yorier abriu a boca, a primeira reação de Un foi ficar na defensiva contra aquela mulher; ele já tinha uma dificuldade natural em confiar em desconhecidos.

“Garoto, sei que é triste, mas lembre e relembre todos os dias do que eu vou te falar agora; está é a única vida que você! Se você morrer aqui, acabou! Game over…”

A mulher riu de seu próprio discurso. Como Un, um garoto nascido em uma época onde mal existia celulares sem fio, poderia saber o que significava a frase ‘game over’? Apenas se ele for um reencarnado igual a ela.

“O que?”

Como a mulher esperou, Un, com o olhar tingido de confusão, olhou para ela.

“Os manipuladores de Nier só conseguem manipular Nier porque eles tem uma alma com um nucleo espiritual, e este núcleo espiritual interage e transmite energia para o núcleo fisico.”

“Portadores da síndrome de Shiro não conseguem manipular Nier porque eles não tem alma; são corpos vazios. Ou seja, se você morrer aqui, você irá morrer para sempre. Não terá uma segunda vez.”

“Impossível.”

Apesar dele não confiar em Yorier, ela conseguiu implantar dúvidas em sua cabeça; Un inevitavelmente se perguntou se ele tinha realmente alma.

Esta dúvida não se originou apenas da afirmação de Yorier, e sim porque de fato, o Nier via da alma, e depois de passar para o núcleo físico e ir para a corrente sanguínea, as pessoas conseguiam manipulá-lo. A própria Lei confirmou isso.

Agora, o que Un poderia fazer? E se for verdade? E se ele não tem alma? E se essa realmente for a sua única vida?

Ele tinha núcleo físico, e tal núcleo não apresentava nenhum problema. Se Nier via da alma, então faz sentido que Un não possa produzir nem manipular Nier; ele não tem alma. E Se ele não tem alma, ele não pode reencarnar.

Um sentimento de medo e incerteza se implantou no coração de Un; ele nunca se sentiu assim antes. O pensamento de ser um dos poucos que tem uma vida finita não apenas o aterrorizou, como também preencheu seu coração com um sentimento de indignação.

[“Garoto, como alguém que não consegue manipular bem produzir Nier irá conseguir emprego em um mundo onde Nier é tudo e até mesmo os mais ricos tem poucos empregados por limparem a própria casa usando telecinese? Sua única vida será miserável. Todavia, eu tenho uma proposta; ofereço-lhe a oportunidade de mudar isso, em troca da alma da sua irmã.”]

[“... O que?”]

[“Basicamente, eu posso curar sua incapacidade de usar Nier. Além do mais, posso te tornar poderoso, mas para isso, preciso da alma da sua irmã. Infelizmente, ela tem alma imortal e pode reencarnar, e a alma dela morrerá e ela não reencarnará mais, todavia, esta única vida que você tem terá a chance de valer a pena.”]

‘com certeza, é mentira’, Un pensou. Ele não sabia que tudo o que Yorier falou é verdade. Claro, ela modificou algumas informações para aumentar a chance dele fazer a escolha que ela queria, mas Un de fato não tem alma, e essa é a única vida que ele tem.

Se alguém pudesse ouvir a conversa entre Un e Yorier, a primeira coisa que a pessoa pensaria era que Yorier tem más intenções, todavia, estaria errado e certo ao mesmo tempo.

Yorier era uma lorde demônio, e Un, um descendente de lordes demônios; mais precisamente, um robô biológico. Por ser apenas um ser humano artificial, ele não tem alma.

Para contextualizar, na primeira dimensão primordial, no início dos tempos, existiam deuses que andavam sobre a terra. Eles governavam sobre tudo e todos, todavia, a maioria deles decidiram não interferir no plano terreno, mas um único Deus se opôs; este era a deusa demônio, Yorier.

Ocorreu uma guerra; todos contra Yorier. Apesar do fato dela ser o deus mais poderoso, eram muitos inimigos de uma vez, e ela foi derrotada. Para escapar da morte, ela criou secretamente fragmentos de almas e os espalhou entre diferentes dimensões. Por isso Un não tinha alma; ele era um portador deste fragmento, e se ele morresse, o fragmento não funcionaria como a alma dele, e sim apenas voltaria para Yorier e ela o absorveria.

Por estar em um estado enfraquecido, Yorier não conseguiria dar poder a Un, por isso ela precisa da alma de Chatte; almas são feitas de mana, a energia primordial dos deuses, por isso, apenas deuses podem dar fim a uma alma. Apesar deles não poderem revive uma, eles ainda são aqueles que as criam.

Caso Un aceite a proposta de Yorier, ela modificará a energia da alma de Chatte e a utilizaria para modificar o corpo de Un e o tornar capaz de produzir e manipular Nier.

Claro, por mais que seja a alma que produza Nier, Un não ganhará uma alma; ele apenas ganhará um órgão físico capaz de produzir Nier.

Em termos morais, é uma escolha difícil; a escolha dele depende exclusivamente do egoísmo do mesmo.

Imagina que você tem uma vida miserável, ela é a única vida que você tem, e continuará sendo miserável até a morte, todavia, lhe é apresentada a oportunidade de fazer de mudar isso, em troca de matar toda a população de um planeta.

Este é o valor de uma alma imortal: infinito. Uma alma que pode viver infinitamente vale mais do que toda uma espécie com vida infinita, principalmente se ela for útil. Por isso, escolher sacrificar a alma imortal para melhorar sua própria vida é a mesma coisa que matar uma civilização inteira só porque sua vida é miserável.

Alguém moral não faria essa decisão, todavia, a maioria das pessoas não são morais. Por isso, há uma chance alta dele escolher sacrificar a irmã.

Para entender o peso disso, vamos reformular a pergunta: você mataria uma criança saudável e boa de de 12 anos só para fazer a própria vida deixar de ser miserável, mesmo sabendo que a vida dessa criança teoricamente valeria mais do que toda a humanidade e que ela viveria 1000 anos e teria um grande talento e causaria um ótimo impacto no mundo, ajudando milhares de pessoas?

Obviamente, esta decisão só é difícil moralmente, pois realisticamente, a realidade simplesmente não tem regras e você pode fazer o que quiser, todavia, regras como a moral, mesmo sendo imaginárias, são baseadas na lógica e no que faria com que uma sociedade funcionasse de forma eficiente. Por isso, a moral aplicada depende do ambiente e da época de uma civilização, porque a aplicação de ideias morais depende da visão de mundo daqueles que a aplicam.

Todavia, mesmo que a moral seja imaginária, uma pessoa ainda sente culpa ao machucar alguém. Por isso, a questão não é nem se “você machucaria uma criança inocente por…” e sim:

você trairia a confiança da pessoa que você mais ama e a mataria para que sua vida fosse menos miserável?

É com este tipo de questão que Yorier fez Un ter que lidar.

***

Capítulo 6: impossibilidade desagradável.

Depois da breve conversa com a deusa demônia, Un voltou para casa.

“Chatte, cheguei.”

Mesmo após ter gritado, Chatte não respondeu. Un gritou algumas vezes, e foi tomado por ansiedade quando seus gritos foram cumprimentamos pelo silêncio.

Quando ele entrou na casa, viu Chatte desmaiada, caída no chão.

“Chatte!’

Ele gritou de desespero. Un rapidamente se aproximou dela e implorou.

“Chatte! O que aconteceu?! Você está bem?”

Não houve resposta. Un carregou Chatte nas costas e correu em direção ao casarão. Ele teria que correr muito, e provavelmente ficaria com dor nas costas depois, mas a vida de sua irmã poderia estar em perigo, e ele não podia ir a médicos confiáveis e que não tentassem enganá-lo, por isso, foi atrás de Lei.

Ao chegar lá, ele bateu na porta. Lei abriu ela e e Un entrou rapidamente.

“O que aconteceu, garoto?”

“Minha irmã… poderia ajudar ela?”

Lei suspirou.

“Coloque ela naquela maca no quarto 9. Eu verei o que posso fazer.”

Depois que Un colocou Chatte na maca, Lei conduziu uma série de exames.

“Sinto muito, garoto, mas ela tem câncer no núcleo de Nier. Apesar de ter este nome, não é realmente câncer; apenas uma infecção que pode ser tratada nos primeiros estágios, mas agora, já é tarde demais. Ela não irá morrer, mas a longo prazo, isso irá tornar ela incapaz de manipular Nier.”

O mundo de Um desmoronou.

Até agora, o sonho dele era ver Chatte adentrar em uma academia de Nier e se tornar uma pesquisadora, mas agora, tudo isso não passou de uma ilusão; ouvir que sua irmã não poderia manipular Nier o quebrou.

“Espera, se é tratável…”

“É tarde demais; o núcleo de Nier dela rachou; não há como curar algo deste nível. Você só conseguiria curar ela caso tivesse trazido ela há umas semanas atrás, mas agora, a única coisa que posso fazer é dar a ela alguns remédios para diminuir a dor.”

Un caiu de joelho no chão; Não há mais esperança.

Após algumas horas, Chatte acordou. Lei explicou a situação dela, e ela caiu em pranto. Depois de um certo tempo, ela se cansou de chorar.

“Olha…”

“Não fale absolutamente nada.”

Un tentou consolá-la, mas falhou miseravelmente.

“Ha… hahahahaha… HAHAHAHAHAHAHA.”

Chatte riu de sua própria desgraça. Agora, ela se tornou uma inválida, e seu futuro, incerto. Provavelmente, ela e o irmão teram uma vida miserável… não, eles vão ter uma vida miserável, isso é um fato.

“Olha, se quiserem, podem dormir aqui.”

“Somos ambos fracos agora…”

Un recusou indiretamente o convite de Lei.

“Isso não importa. Não é como se eu fosse alguma coisa, hahaha, sou do um cientista, né? Só porque eu matei um cachorro, você me vê como um vilão… assim fico triste…”

“Ok, obrigado, vou ficar aqui.”

“Você… voltou atrás rápido demais. Enfim, aqui não é caridade, então só permitirei que você fique aqui esta noite.”

O que Un podia fazer além de voltar atrás de sua decisão? Ele já era um miserável e continuará fraco e miserável pelo resto da vida. Não há o que ele pode fazer. Agora, a irmã dele também se tornou igual a ele; uma pessoa que vive através da piedade dos outros.

Un sentou-se em uma cadeira na varanda e ficou até anoitecer. A noite, ele observou as estrelas.

[“Então, minha proposta se tornou atraente?”]

[“Cala a boca. Provavelmente é você que fez isso com minha irmã.”]

[“Claro que não! Por que eu faria isso? Enfim, como vai ser agora? Seu único sonho, que era ver sua irmã ascendendo de classe social, se tornou impossível. Você aceitará ter este tipo de vida por escolha própria? É só matar a alma da sua irmã. Por mais que sacrificar a vida de uma alma imortal seja um pecado com um peso infinito, sua única vida se tornará boa e é isso que importa: a sua vida; a vida dos outros só vale quando beneficiam você de alguma forma.”]

[“Cala a boca; eu não vou matar a a minha irmã.”]

[“Como esperado, você é fraco; mesmo perante a oportunidade de tornar seus sonhos realidade, você joga ela fora só porque ela tem um alto preço a se pagar. No final, talvez você mereça a vida que tem.”]

“Vala a boca, porra.”

Yorier, apesar de entretida, decidiu não provocar mais Un; ela sabia que existem limites até mesmo para provocações.

Claro, Yorier poderia ter mentido; afirmar que Chatte se tornou alguém sem alma porque o núcleo de Nier dela se tornou vazio, mas há um porém; apenas o núcleo físico foi danificado, não o espiritual, e por mais que as pessoas nessa época não tenham tecnologia para detectar a alma, e apenas teorizar sobre ela, Yorier precisava de um apóstolo forte; alguém que fosse capaz de sacrificar algo precioso por um objetivo egoísta.

Bom, Apesar do fato de que as circunstâncias praticamente obrigam Un a matar Chatte, Um ainda tem escolha.

Seria ele egoísta ao ponto de matar a irmã, absorver a alma dela e interromper o ciclo de reencarnação infinito dela?

Seria ele capaz de sacrificar uma alma infinita para melhorar a vida de um corpo vazio melhor?

Un sabe que o emprego no casarão não durará muito, e que muito em breve, Lei se entediaria dele e o descartaria. Ele não pode depender de Lei para viver.

Inevitavelmente, ele terá uma vida miserável… se escolher não sacrificar a irmã. A dificuldade desta decisão depende apenas da pessoa, para alguns, é fácil, para outros, difícil. Para Un, quase impossível.

Un não sabia, mas Isso não era um tipo de teste moral; se Un sacrificasse a vida da irmã, Yorier dará a ele o poder de mudar a própria vida, já se Un escolher não sacrificar a irmã, os dois, ele e Chatte, teriam uma vida miserável.

O teste verificava apenas se Un estaria apto para se tornar um discípulo da rainha demônio. E ele deve se tornar um demônio para ser discípulo de um demônio.

Yorier pôde perceber que Un tinha frustração e raiva acumulada pelos anos, e que ele era perfeitamente capaz de matar a própria irmã por um motivo egoísta, mas estava se segurando por medo da culpa. Basicamente, ele é o que as pessoas costumam chamar de monstro humano.

‘Seria Un digno de poder lutar pela própria

felicidade?’ Yorier pensou.

Como diria um sábio antigo: o maior erro de um homem é colocar outro humano acima dele.

***

Capítulo 7: sacrifício.

Uma semana se passou desde que Yorier informou Un de que ele não tinha alma, e Chatte foi avaliada como potencialmente incapaz de manipular Nier.

Un nunca esteve tão pensativo em toda a sua fútil e finita vida; a dúvida que a Deusa maligna plantou em sua cabeça floresceu como um ramo de espinhos venenosos.

Tais espinhos pareciam mortíferos só de olhar, e ao tocá-los, Un sentia dor; todavia, ele os tocava, e ainda por cima os abraçava.

“Minha vida… é finita? Não tenho alma?”

Un se perguntou isso inúmeras vezes desde a conversa com a demônia.

[“Ainda está em dúvida? Isso não é uma teoria; é um fato; grande parte do Nier é produzido pela alma e armazenado no núcleo da alma; o núcleo físico serve apenas para manifestar a energia. Todavia, pessoas com síndrome de Shiro tem o núcleo físico, mas por não terem alma, não podem produzir e manipular Nier.”]

“Mentirosa!”

Un gritou, o que acordou Chatte.

“Irmão?”

“Não foi nada…”

“...Ok”

Chatte simplesmente tentou voltar a dormir, e Un foi até o banheiro.

[“Un, sua irmã irá morrer de qualquer jeito; ela tem câncer no núcleo de Nier físico, o que seria curável, caso ela tivesse dinheiro, mas vocês dois são pobres.”]

[“Cala a boca.”]

A demônia Riu.

[“Você é um ser vazio; sem alma. Esta é a única vida que você tem. E adivinha: tanto você tanto sua irmã terám uma vida miserável, pois mesmo se sua irmã se curar do câncer de Nier físico, ela não conseguirá mais manipular Nier!”]

[“Já disse para calar a porra da boca!”]

Como se obedecesse ao seu comando, a rainha demônia calou a boca. Todavia, ela já conseguiu o que queria: plantar dúvidas na cabeça de Un.

Tecnicamente, tudo que ela falou é verdade; portadores de Shiro não tem alma e só possuem uma única vida, mas o plano dela de tornar Un um discípulo demoníaco dependia exclusivamente do que ele faria com aquela informação.

[“Não há como matar outra pessoa em vez dela?”]

[“Não; tem que ser alguém que você tenha um vínculo. Além do mais, tem que ser uma alma humana.”]

‘facil demais’

Isso foi o que a deusa pensou, pois de fato ela não o estava manipulando; só havia falado fatos que o próprio Un já sabia, a diferença é que ela falou mais alguns dos quais ele não tinha conhecimento e ofereceu a oportunidade dele se tornar alguém no futuro.

Chatte vai morrer de qualquer jeito, e esta é a única vida de Un. Se até alguns dos animais mais moralmente puros escolhem devorar outras vidas para continuar vivo, porque Un não pode sacrificar ela para viver a única vida que ele tinha?

O único dilema moral dessa decisão é o fato da vida de Chatte ser infinita, e a de Un, finita; ela iria continuar reencarnando, e esse ciclo precisaria ser quebrado para que Un vivesse a vida que queria.

Ele seria capaz de sacrificar a vida infinita de sua própria irmã para tornar sua única vida finita melhor?

Ele lembrou-se da formiga que havia esmagado quando estava na floresta procurando ervas medicinais. Naquela época, ele comparou a formiga consigo mesmo.

Agora, ele possui a oportunidade de deixar de ser uma formiga humana e se tornar um humano. Mais do que isso, ele queria ser reconhecido como humano.

Para Un, é demasiadamente imoral não aproveitar a oportunidade de se tornar forte; de deixar de ser um inseto e ascender como indivíduo.

Tanto Yorier tanto Un se questionaram sobre isso, entrementes, Un encontrou rapidamente uma resposta.

“Sim.”

Apenas.

Ele chegou nessa conclusão utilizando do seguinte raciocínio: o mundo é dos fortes e crueis. Na natureza, é assim que funciona: os fracos e doentes são abandonados, devorados e pisados. O forte devora o fraco e o usa como alimento.

O egoísmo reina. É assim que funciona na natureza. Os humanos fazem parte da natureza, sendo um humano, porque ele não podia ceder a ela?

‘aqueles que não são egoístas são devorados por aqueles que são egoístas.’

As palavras de Lei ecoaram pela mente de Un.

Durante toda a sua vida até agora ele foi humilhado e pisado pelos outros, e agora, ele finalmente tem uma chance de mudar isso, e se alguém. Se ele não aproveitá-la, estará destinado a ter uma vida miserável.

A sua única vida seria miserável.

Un levantou-se e se aproximou de Chatte, que estava dormindo tranquilamente. Ele hesitou por um momento, mas finalmente tomou coragem e colocou o travesseiro em seu rosto.

Ele iria sufoca-la até a morte.

“Uh…uh…”

Chatte não entendeu direito o que estava acontecendo. Inicialmente, ela pensou que fosse uma brincadeira de Un, mas depois de alguns segundos, seu coração afundou em desespero; ela compreendeu que seu irmão realmente estava tentando matá-la.

Ela se debateu, tentou se virar, mas não conseguiu. Mesmo que um manipulador de Nier fosse mais forte que um não manipulador, ela estava fraca demais por causa de sua doença. Lágrimas saíram de seu olhos.

Ela sempre imaginou que Un era a única pessoa no mundo que ela podia confiar, e que independente das desgraças que aconteciam em sua vida, eles iriam se apoiar. Inúmeros sentimentos brotaram em seu coração despedaçado cruelmente pela decepção; raiva, ansiedade, medo, tristeza…

Chatte se sentiu traída.

“Desculpe.. desculpe...”

Ao ouvir o som de sua voz tingida de tristeza, todos os sentimentos, exceto a tristeza, sumiram do coração de Chatte.

A única coisa que ela conseguiu fazer foi se perguntar: por que?

Por que?

Aos poucos, a consciência de Chatte foi se esvaindo, e seu corpo ficando mais mole. Para garantir que ela estivesse morta, Un continuou com o travesseiro em seu rosto por mais 4 horas.

Finalmente, Un tirou o travesseiro do rosto de Chatte, e não conseguiu parar de chorar.

Doeu mais do que ele imaginou. Nela, e nele.

“Estou me sentindo…. Estranho.”

Ele desmaiou.

***

“Que lugar… é esse?”

Um perguntou-se; outrora, ele estava em sua casa e havia acabado de matar sua irmã, mas agora, ele está em um uma espécie… de rio.

“O que é essa água?”

“É mana, ou mais precisamente, Nier primordial.”

“O… o que é mana?”

Un ficou confuso. Por nunca ter sentido Nier, ele não conseguiu entender a analogia. E Yorier, como uma professora paciente, explicou-lhe de forma mais clara.

“Mana é o que deu origem ao mundo. Resumindo: se Nier é a energia dos humanos, mana é a energia dos deuses.”

“Então… eu vou consegui usar mana?”

“Não. Seus poderes ainda não foram decididos; pode ser que você consiga usar mana, ou que seu corpo crie uma energia própria que desempenhe uma função semelhante.”

“Entendo.”

Yorier estendeu a mão, e uma bola brilhante do tamanho de uma bola de ping pong apareceu, flutuando em sua palma.

“Está é a alma da sua irmã.”

O coração de Un ficou pesado.

“Você ainda pode voltar atrás, todavia, tenha em mente que sua vida será miserável assim que sair deste espaço, todavia, se você sacrificar está alma, o ciclo de reencarnação dela terminará e ela deixará de existir… em outras palavras, ela morrerá, mas você ganhara um poder único.”

“Eu… vou me tornar imortal?”

“Não; você continuará sendo um corpo vazio. Entretanto, esta única vida que você possui valerá a pena.”

Un hesitou. Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos, e finalmente, abriu a boca.

“Eu sacrifico ela.”

Yorier sorriu.

“Ótima escolha.”

A bola brilhante sumiu, e Un sentiu uma dor em seu peito. Ele caiu na água, e só não se afogou porque ela era rasa demais.

Ele sentiu o próprio corpo mudando, como se ele estivesse se tornando mais forte, e a sua percepção do ambiente ao redor foi adquirindo mais cores, sua visão cada vez mais clara.

Todavia, ele não conseguiu se sentir bem com isso.

A irmã dele morreu. A vida infinita dela foi sacrificada para que a vida finita dele fosse satisfatória.

Uma vida infinita, por uma vida finita sem valor.

Un chorou; ele se arrependeu de ter matado sua irmã, mas já era tarde demais; não havia como voltar atrás.

Ele fechou os olhos. A sua dor e culpa eram imensuráveis, então, para diminuir o peso amargo no seu peito.

Ele tentou diminuir a culpa ludibriando sua mente, dizendo a si mesmo que ele, sua irmã e todos os humanos são meros animais que só lutam pela sobrevivência. Por mais que a vida de Chatte fosse infinita e ele tivesse interrompido isso por uma causa egoísta, estava na genética dele; ele foi programado para ser egoísta para sobreviver a um mundo egoísta.

Ele está certo e errado ao mesmo tempo; certo em admitir que ele e sua espécie não, inclusive a alma não eram nada mais do que um robôs biológicos e espirituais, mas errado em achar que iria conseguir diminuir a dor em seu peito.

Em mais uma tentativa de diminuir a dor em seu peito, Un jurou que faria de tudo para que esta vida valesse a pena…. Não.

Não importa o que ele fosse se tornar, seja heroi ou vilão, ele fará essa vida valer a pena!

Quando Um abriu os olhos novamente, eles estavam tingidos de verdel, como se fosse duas rosas entrelaçadas. Orelhas de gato substituíram as orelhas de humano, e uma calda cresceu.

Ao ver aquilo, Yorier tremeu de excitação; Un havia despertado a forma bestial. Mesmo que todos os descendentes artificiais de lordes demônios se tornem fortes após o despertar, casos onde se despertam a forma espiritual logo após o despertar eram raros, ao ponto de ser quase impossível.

Un não sabia, mas a partir daquele momento, ele se tornou uma calamidade que estava destinada a fazer o mundo tremer.

***

Assim que Un voltou para para a realidade, ele percebeu que o corpo de Chatte havia sumido.

[“O corpo foi absorvido junto da alma.”]

[“Faz sentido.”]

Un avaliou o novo corpo; ele parecia mais forte, sua visão mil vezes melhorada e que… parecia ver em 360.

[“Esses são os olhos do sacrifício; as habilidades deles consistem em visão 360, visão máxima da realidade, ou seja, ver tudo lentamente e em 360… enfim, ele também pode deixa seu corpo invisível.”]

[“Entendo. Prefiro… chamar eles de ‘olhos da Lua verde’”]

Yorier ficou abismada.

[“Por que?!”]

[“Porque eu quero!]

Yorier quase chorou de frustração; chamar os novos olhos de Un apenas de ‘olhos da maldição’ era cafona; o nome ‘olhos do sacrifício’ soava muito mais legal! Infelizmente, Yorier se arrependeu de não ter sugerido ‘olhos da maldição’ como primeira opção.

Un apenas mudou o nome porque a palavra ‘sacrifício’ o lembrava de sua irmã. Ele não queria ficar revivendo memórias desagradáveis, principalmente as traumáticas.

[“A habilidade de invisibilidade é aicavel aos outros?”]

[“Sim.”]

“Enfim, vamos testar minhas habilidades.”

Un ativou a invisibilidade e saiu de casa e foi para as ruas, procurando Carlos; ele pretendia se vingar do bullying que sofria constantemente. Para isso, ele esperou até o relógio bater às 11:00 horas da manhã.

Un quase desistiu, mas a espera dele foi recompensada; Carlos costumava sair de manhã cedo, às 10 horas. Ironicamente, ele demorou mais hoje, e saiu de casa as 11:00.

Um seguiu Carlos, o agarrou e o levou até um o fundo da floresta. Lá, ele quebrou a perna de Carlos com um chute.

“Ah.. ahhhhhhh.”

Un quase entrou em êxtase quando Carlos gritou de dor. Depois de se deleitar com os gritos de Carlos, eld desativou a invisibilidade.

“Oi. Quanto tempo, não?”

“Seu filha da…”

Um quebrou a mandíbula de Carlos. Ele queria fazer isso a muito tempo, mas não o fazia porque não tinha o poder para tal, mas agora, ele quer esmagar o garoto em sua frente.

Depois de quebrar a mandíbula de Carlos, ele esmagou a cabeça dele e o matou, já satisfeito. Depois disso, ele ativou a invisibilidade, saiu do local do crime e foi até correndo, passando da zona pobre e entrando na zona mais rica.

O objetivo de Un era claro; pegar o trem teleporte de Nier e ir até a academia real. O sonho da irmã dele sempre foi ser admitido em uma academia, e Ther não se contentaria apenas em adentrar na academia de Lótus; ele queria ser admitido na academia real. Apesar de não ter preparado nenhuma mala, todas as roupas de Un eram velhas e rasgadas, então que diferença faz?! Além disso, estava no início do ano, por isso, as academias tendiam a fazer testes de admissão.

A prova escrita não irá ser nenhum desafio, pois com o tempo que ele havia passado com Lei, ele estudou muito na biblioteca do casarão/laboratório e aprendeu muito. Além disso, não faz sentido que a força que Ther adquiriu ao sacrificar uma vida imortal não seja capaz de conseguir passar no teste da academia real.

Assim que alcançou a estação ferroviária, Un entrou em um trem que ia até a parte mais nobre da cidade. Graças a invisibilidade, ele não foi percebido.

O trem partiu. E Un se pegou absorto pela passagem afora, que agora, é muito mais bonita que outrora; diferente de antes, agora ele tem perspectiva de futuro, por isso, pode se permitir apreciar com mais atenção o momento presente.

Passaram-se 5 minutos, é o trem finalmente chegou a estação que ficava perto da academia real. Ele chegou tão rápido não pelo pais ser pequeno, porque não é; é enorme, mas sim porque o trem teleporte normalmente atinge velocidades de 200 km por hora. Por isso ele se chama trem teleporte; não porque ele podia se teleportar, mas sim porque ele era rápido… muito rápido!

Tal coisa em um mundo onde a internet mal existia só foi possível porque Nier era uma energia muito versátil, e permitia magnetizar o trem e os trilhos apenas com encantamento básico.

Un saiu do trem, correu e entrou na rua onde ficava acadêmia.

“Olá, meu consagrado, como faço o teste de admissão?”

“Meu Deus do céu!”

O porteiro, Iei ficou chocado com a aparência de Un; um garoto que havia despertado a forma espiritual estava vestido como um mendigo! E como se isso não bastasse, ainda falava de um jeito… como se fosse uma mistura do dialeto da periferia e da classe alta.

Todavia, Iei sentiu felicidade ao ver aquele garoto; ele também nasceu na periferia e conseguiu subir na hierarquia social com muito esforço, e claro, sorte. Ele sabia que existiam outros como ele, mas ver pessoalmente uma coisa tão rara acontecendo é emocionante, principalmente porque ele viu a si mesmo quando era mais jovem quando olhou para o garoto.

“Garoto, qual o seu nome? E quantos anos tem?”

“Un, tenho 14. Então, como faço o teste para admissão?”

“Só um instante.”

Iei pegou o telefone fixo que ficava ao seu lado.

“Charles, um garoto de 14 anos chamado Un quer fazer o teste de admissão. Ah, e ele já despertou a forma bestial. Você poderia levar ele para a sala de testes?”

“14 anos e já despertou a forma bestial?!”

“Sim…”

“Já estou indo!”

Não demorou muito para que Charles aparecesse. Ele era um homem branco magro, mas musculoso, com orelhas de urso e braços de urso.

“Venha comigo, garoto. Normalmente, nos entraríamos por outro local, mas como você já está aqui, vamos simplesmente entrar.”

Após Ther começar a segui-lo, o corpo de Chales se tornou o de um humano normal. Un ficou maravilhosa do com aquilo.

“Como… você transita entre um humano normal e a forma espiritual bestial?”

“Depende da pessoa; alguns tem formas espirituais permanente, outros não.”

“Deve ser… ruim. Sabe, e se a pessoa tiver uma forma espiritual feia?”

“Hahahaha, garoto, o máximo que uma forma espiritual faz é adicionar algumas características físicas de animais, mas ela não transforma o corpo da pessoa em um animal com consciente; no máximo, a mistura de um braço de leão com o de um humano, mas nunca um leão humanoide completo.”

“Entendo.”

Depois dessa breve conversa, os dois permaneceram em silêncio. Ao chegarem no local de testagem, Charles abriu a boca novamente.

“Você tem sorte de ter esse talento, garoto. Somente 10% da população consegue despertar a forma espiritual, e essas pessoas só despertam ela aos 20 anos. Realmente, um talento nato.”

“É…”

Un concordou exteriormente enquanto riu internamente; ele não teve sorte de nascer com talento; o sacrifício que ele teve que fazer para adquirir tal corpo foi de um valor inimaginável, tanto para ele, como em termos morais.

Ao chegar no local de teste, a atendente, Lúcia, fez com que Un colocasse a mão em uma pedra de medição de Nier, e se chocou quando a pedra registrou o valor máximo.

“Caralho… tosse, perdão. Enfim, você só precisará preencher alguns documentos extras, e será um estudante da academia.”

“Sim.”

“Aliás, suas roupas… eh…’

“Infelizmente só tenho essas.”

Assim que Un falou isso, um silêncio esmagador e mórbido se instalou no local. Era como se ele tivesse anunciado o apocalipse.

***

Capítulo 9: pós apocalipse.

Mario Moonlight Wings passou pelos corredores em um andar rápido, ansioso; ele fora noticiado de Un; nunca ouvira um caso semelhante onde um garoto de 14 anos despertou a forma espiritual.

‘Tenho que impedir que essa notícia se espalhe…’ ele pensou. Inevitavelmente, Un se destacaria na academia real, todavia, agora não era a hora; eles tinham que ocultar a notícia de que alguém do nível de Un entrou na academia agora, e ser o primeiro a se apossar dele.

Naturalmente, um talento raro como Un sofreria uma grande competição pelas corporações. Em Charlotte, a família imperial governa com poder absoluto apenas no título; outras famílias tão poderosas quanto residem no reino; famílias cuja influência nem mesmo a família imperial de Wings poderia negar.

Para essas famílias, Un vale o mesmo que 500 homens, e se considerarmos o potencial de crescimento dele, é até mais que isso.

Mario entrou na sala do diretor.

“Temos que…”

“Não há necessidade de nenhuma ordem. Já fiz o que eu podia.”

Mario instintivamente entendeu a frase; o diretor, Lio, já impediu que a notícia de Un se espalhasse. Agora, era só ele ir direto ao garoto e convidar-lo para seu… grupo. Mas antes disso, é sempre bom dar uma pesquisada.

“Poderia me dar um resumo da vida do garoto?”

“Não importa a perspectiva, a história de vida dele é… peculiar.” Ele continuou “ele nasceu com síndrome de Shiro, mas de repente, mostrou ser capaz de utilizar Nier.”

“Ele estava fingindo?”

“Impossível; os exames detectariam.”

“Entendo.”

Após este breve diálogo,Mario saiu da sala; estava na hora de conhecer o garoto.

***

“Então… por que me chamaram aqui?”

“Basicamente, você só precisa assinar o contrato.”

Un ficou confuso; logo após entrar em um quarto qualquer da academia, um homem apareceu de repente e o forçou a ir até a diretoria.

“Un Yuki, vou explicar cuidadosamente a sua situação; você é um garoto que despertou a forma espiritual bestial com 14 anos; tal coisa é quase único no mundo; só existem 15 casos como o seu no mundo inteiro. Naturalmente, as famílias disputaram para ter posse de tal talento, e caso certas famílias não obtenham-lo, elas podem…”

“Eliminá-los para que outra família não fique com a vantagem que poderia ser deles.”

Mario sorriu.

“Exato! Claro, a família imperial jamais usaria tais métodos, ou seja, isso não é uma ameaça; nos só estamos oferecendo proteção. Entende?”

“Com certeza absoluta.”

“Ótimo.”

De fato, mesmo se Un recusasse a oferta, a família imperial não o mataria, todavia, Un não sabia disso, e mesmo que soubesse, ele não poderia dizer que a postura das outras famílias seria a mesma.

Graças ao Nier, existem pessoas que conseguem lutar contra 100 pessoas de uma vez e sair ilesas. Em um mundo assim, onde uma pessoa vale por centenas, é natural que se elimine futuros inimigos.

Pessoas com o talento de Un eram potencialmente perigosas; não apenas por seu crescimento, mas também pelo caos que a competição que se instalava após tais talentos serem descobertos.

Além do mais, o proprio Un sozinho possui uma natureza perigosa; alguém capaz de sacrificar uma espécie de inteira para salvar a própria vida já atingiu o ápice do egoísmo.

***

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