O sol poente tingia os corredores do Castelo Capell com tons dourados, enquanto Lysander, recém-retornado da missão de escolta bem-sucedida, caminhava solitário pelos salões imponentes da fortaleza ancestral de sua família. Cada passo ecoava suavemente contra as paredes de pedra polida, enquanto ele refletia sobre o que acontecera horas antes.
A missão, embora bem-sucedida, não trouxera o tipo de reconhecimento que ele tanto ansiava. Os elogios eram reservados aos irmãos mais velhos, que há muito tempo haviam provado seu valor nos campos de batalha e nas cortes políticas. Anton, Emeric, Agnes, Sophia e Caius – todos eles eram uma manifestação das expectativas elevadas e da linhagem prestigiada dos Capell.
Desde criança, Lysander enfrentava desafios únicos. Uma doença misteriosa enfraquecera seu corpo jovem e o tornara alvo de zombaria entre os irmãos. Anton, o primogênito e líder natural, frequentemente o repreendia por sua aparente fragilidade, enquanto os outros, de maneira mais sutil, expressavam sua decepção com o irmão mais novo que não conseguia acompanhar o ritmo da família.
Nos jardins tranquilos que circundavam o castelo, Lysander encontrava seu refúgio. O perfume suave das rosas misturava-se ao som suave das fontes, criando um ambiente de paz que contrastava com a agitação dos salões internos. Era ali que ele podia escapar, ao menos por um breve momento, das expectativas e da pressão que sentia constantemente.
Foi em uma tarde serena, enquanto observava a luz do sol filtrando-se pelas folhas das árvores antigas, que Lysander viu Anton treinando com sua espada. O irmão mais velho movia-se com uma graça e destreza que faziam a lâmina parecer uma extensão natural de seu corpo. Lysander observou-o por um tempo, maravilhando-se com a habilidade que sempre lhe parecera tão distante.
"Então, o herói da escolta decidiu emergir dos aposentos", disse Anton, interrompendo seu treino ao notar a presença de Lysander. Havia uma pontada de sarcasmo em sua voz, mas também algo mais profundo, uma mistura de autoridade fraternal e talvez até mesmo um traço de compaixão. "Ou será que você ainda prefere os cantos mais tranquilos do castelo?"
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Lysander engoliu em seco, sentindo-se exposto diante do olhar crítico de seu irmão mais velho. Anton não apenas personificava o ideal do guerreiro Capell, mas também era o líder natural da família, cujas decisões moldavam o destino de todos dentro das muralhas do castelo. Comparado a ele, Lysander sempre se sentira como uma sombra pálida, incapaz de competir no jogo de força e habilidade que definia a reputação de sua linhagem.
Anton abaixou a espada com um suspiro, seus olhos escuros estudando Lysander com uma mistura de frustração e curiosidade. "Você sabe, Lysander, não há vergonha em reconhecer suas limitações", ele disse finalmente, sua voz carregada de um tom que misturava desdém com uma tentativa sutil de encorajamento. "Nem todos foram feitos para a vida de um guerreiro."
As palavras de Anton cortaram como lâminas afiadas, mas Lysander se recusou a desviar o olhar. Ele sabia que seu lugar entre os Capell era frágil, uma linha tênue entre aceitação e exílio. No entanto, algo dentro dele queimava com a determinação de provar seu valor, não apenas para sua família, mas para si mesmo.
Enquanto a noite se aproximava e as sombras do crepúsculo começavam a estender-se pelos jardins, Lysander recolheu-se em seus aposentos no coração do castelo. Ele olhou para as tapeçarias que adornavam as paredes, retratando as conquistas gloriosas dos Capell ao longo dos séculos. A guerra, a magia e a política entrelaçavam-se nas tramas tecidas do destino de sua família. Mas onde ele se encaixava nisso tudo?
Em um momento de desespero silencioso, Lysander sentiu a presença reconfortante de sua mãe, cujo retrato pendia silenciosamente sobre sua cama. Seus olhos gentis pareciam sussurrar palavras de encorajamento, lembrando-o de sua própria força interior. Ele não era apenas o mais novo dos Capell; ele era um portador de um legado que ainda estava para ser descoberto.
Com um suspiro determinado, Lysander pegou a espada que descansava ao pé de sua cama. Era uma herança familiar, um símbolo de honra e responsabilidade. Ele segurou a lâmina firmemente, sentindo seu peso familiar em suas mãos. A espada não era apenas uma arma; era uma extensão de sua determinação, uma promessa de que ele encontraria seu lugar no mundo dos Capell.
Enquanto as estrelas começavam a pontuar o céu noturno, Lysander jurou a si mesmo que não seria mais um espectador em sua própria vida. Ele enfrentaria os desafios que o aguardavam com coragem e dignidade, buscando não apenas o respeito de sua família, mas também a redenção de sua própria história.