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O Retorno Do Exilado

O céu estava nublado, e um vento frio soprava através das colinas da região de Asher, onde ficava o castelo da família Aegis. Com suas torres altas e paredes cobertas de hera, o castelo parecia um gigante adormecido. As bandeiras tremulavam pesadas, e apenas alguns guardas vigiavam o portão principal. A quietude do lugar lembrava uma ferida fechada que cicatrizara, mas deixara uma cicatriz profunda.

Lian Aegis observava o castelo à distância, com uma mistura de nostalgia e amargura. Fazia cinco anos desde que ele havia sido expulso sob acusações de traição. Tudo foi rápido demais: uma acusação de conspiração contra o trono, julgamentos às pressas, seu nome desonrado, e a ordem de exílio. Naquela época, ele tinha apenas dezesseis anos e sequer entendia o motivo de sua queda.

Ao longo dos anos, Lian havia aprendido a controlar sua raiva, mas a dor da injustiça ainda queimava como brasas em seu peito. Ele passara todo o tempo treinando, vagando pelo continente, em busca de conhecimento sobre o verdadeiro responsável por sua queda. E agora, havia rumores sobre as "Chamas Eternas", uma lenda que o chamara de volta.

"Por que voltou, exilado?" Uma voz áspera interrompeu seus pensamentos.

Lian ergueu os olhos para ver um velho amigo, Calem, um dos guardas mais antigos do castelo. O homem o olhava com um misto de desconfiança e surpresa. Lian esboçou um sorriso leve, quase nostálgico.

— Não vim aqui para causar problemas, Calem. — respondeu ele, colocando a mão sobre o punho da espada que pendia em sua cintura, um lembrete de que não era mais o jovem que havia partido.

Calem observou-o por alguns instantes antes de assentir. — Você sabe que sua presença aqui vai causar inquietação. Desde que você foi embora, as coisas mudaram. Há uma nova ordem... e velhos ressentimentos.

Lian passou pelos portões, sentindo o peso de cada passo. Suas botas batiam contra o chão de pedra, ressoando pelo corredor vazio, e ele sentiu os olhares dos servos que se escondiam nas sombras, murmurando sobre seu retorno. Cada canto, cada corredor, ainda era familiar, mas parecia estranhamente vazio, como se o castelo fosse apenas uma sombra do que já fora.

Ele caminhou até o salão principal, onde aguardava a pessoa que ele mais temia — e talvez a única pessoa que ainda o esperava. Sentado no trono da família, o Lorde Cassius Aegis, pai de Lian, observava o filho com olhos severos e uma expressão sombria. A idade deixara marcas em seu rosto, mas seu olhar ainda era o mesmo: inabalável, frio e imponente.

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— Achei que nunca mais veria você aqui, Lian. — A voz do Lorde Cassius era grave, quase um sussurro, mas carregada de poder e autoridade.

— Voltei porque preciso descobrir a verdade. — Lian respondeu, tentando manter o tom firme, mas o peso das palavras do pai o atingiu como uma marreta.

Cassius inclinou-se para a frente, os olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e desprezo. — Verdade? E que verdade procura? Aquela que você traiu, ou uma nova mentira para esconder sua vergonha?

Lian apertou os punhos, mas conteve a raiva. Ele sabia que gritar ou discutir com o pai só o colocaria em desvantagem. — Sei que fui acusado de algo que não fiz. E agora, ouvi falar sobre as Chamas Eternas. Elas têm uma conexão com nossa família... e talvez, com a verdade por trás das acusações contra mim.

O silêncio pairou entre os dois, quebrado apenas pelo som distante de uma porta se fechando em outro corredor. Cassius o observou atentamente, como se tentasse avaliar se o filho falava a verdade. Finalmente, ele suspirou.

— Você tem o sangue dos Aegis, mas não carrega o fardo das responsabilidades. — disse Cassius, erguendo-se do trono. — As Chamas Eternas não são apenas uma lenda. Elas são reais, e talvez sejam o motivo de sua ruína. Mas saiba disto, Lian: brincar com esse poder pode trazer não apenas respostas, mas também sua destruição.

Antes que Lian pudesse responder, uma figura entrou no salão. Era Erina Von Asher, a sacerdotisa do reino, conhecida por seus dons místicos e sua conexão com o poder espiritual. Seus olhos azuis profundos pareciam enxergar através de Lian, como se analisasse sua alma.

— Lorde Aegis, ele foi chamado. A escolha já foi feita, e a entidade o escolheu. Ele é o Herdeiro das Chamas Eternas. — declarou Erina, sua voz melodiosa, mas com um tom sério que ecoou no salão.

Lian sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele não tinha vindo buscar poder. Tudo o que queria era a verdade, uma chance de provar sua inocência. Mas agora, parecia que seu destino tomara outro rumo, forçando-o a aceitar um papel que ele mal entendia.

— Você aceita esse fardo, Lian? — perguntou Erina, seus olhos fixos nele, como se buscasse algo mais profundo do que ele era capaz de compreender.

Lian hesitou por um momento, sentindo o peso de cada palavra. Ele olhou para seu pai, que continuava o encarando com expressão severa. Sabia que, se aceitasse, estaria abrindo mão de qualquer chance de uma vida normal, pois o poder das Chamas Eternas viria com responsabilidades e perigos além da compreensão.

Ele respirou fundo e respondeu, com a voz firme e determinada.

— Aceito. Vou carregar o fardo das Chamas Eternas. E, com isso, vou provar que sou digno do nome Aegis.

Cassius virou-se, seus passos ecoando enquanto deixava o salão. Ao sair, murmurou sem olhar para trás:

— Então vá, e queime ou brilhe. Mas saiba que, se falhar, será consumido por aquilo que deseja dominar.

Enquanto seu pai partia, Lian olhou para Erina, que lhe estendeu um pergaminho selado com o símbolo das Chamas Eternas. Com um último olhar para o salão onde crescera, ele percebeu que seu caminho não tinha mais volta. Ele deixara de ser apenas um herdeiro renegado. Agora, era o Herdeiro das Chamas Eternas.

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