-Cinco anos atrás, final das Grandes Guerras.-
Bargan, Supremo do Norte, acaba de atracar parte de sua frota em uma praia do Sul. A outra parte atracava naquele momento em outra praia não muito distante dali. Bargan estava animado ao pisar finalmente em terra, em suas cinco décadas como um vigoroso guerreiro nunca havia ficado tanto tempo parado. A calmaria do mar não era de seu gosto.
Se espreguiçando Bargan chama alguns homens e começam a andar, precisavam reconhecer o local. Embora Bargan estivesse mesmo é com vontade de matar o seu tédio e esperando encontrar alguém mais para matar junto.
Subitamente a visão das árvores e folhas atrás da praia é substituida pela visão do horizonte e seus navios. Olhando para trás Bargan vê seus homens olhando uns pros outros como se não estivessem entendendo algo. Bargan ri e começa a andar novamente em direção à mata. A mesma coisa acontece outra vez.
Bargan e seus homens não conseguiam andar mais que alguns metros e voltavam para o mesmo lugar de costas para seu destino, não importa quantos homens ou quanto tempo tentassem, o resultado era o mesmo.
Todos do exército de Bargan, inclusive ele, eram guerreiros da terra, sua força e treinamento eram moldados para serem os melhores, mais fortes e resistentes nas artes da guerra. Se não pudessem fazer usso disso seriam inúteis, não eram bons em quebra cabeças mágicos nem tinham magos. Se limitavam em insistir até o cair da noite em correr sem parar esperando que uma hora conseguissem avançar.
Vendo luzes se movendo ao horizonte, Bargan nota que o resto da sua frota não teve sucesso em entrar pela outra praia, talvez pelo mesmo problema. Bargan praguejava tão furioso quanto confuso.
Então uma mulher de branco aparece em cima de uma grande pedra e os dizia que seus esforços eram inúteis. Bargan pragueja ainda mais e seus homens se afastam, sabiam que agora ele estava sério.
Sua pele começa a ficar enegrecida e com aspecto de uma rocha. Bargan libera sua fúria em um poderoso grito seguido de um rápido pulo em direção a mulher. Um som ensurdecedor e um flash de luz tomam conta do lugar.
Segundos depois do flash se apagar, Bargan se encontra em meio a destroços de um dos seus navios que estava atracado na praia. A água em volta fervia e a expressão de fúria de Bargan podia matar de medo e desespero qualquer adversário que enfrentou na vida e soubesse do que ele seria capaz de fazer assim. Mas a mulher continuava imóvel com seu olhar calmo em silêncio, naquela noite Bargan e os outros Supremos viriam a conhecer o que mais temiam no mundo todo.
-Um ano atrás-
*Toc* *Toc*
"Senhora Galantine, está quase na hora da sua reunião. Senhora Galantine?" (Criada)
Orelhas à porta de Galantine, a criada avisava da importante reunião que aconteceria em poucos minutos.
Um pequeno susto e a criada é surpreendida pela porta se abrindo e bate contra Galantine extremamente bem arrumada para a ocasião com longas vestes brancas.
"Oh!! M-me desculpe Senhora Galantine. Não era minha intenção!!" (Criada)
Levantando calmamente a mão Galantine faz um gesto de que estaria tudo bem.
"Não se preocupe, Layza. Obrigada por me avisar." (Galantine)
Sorrindo graciosamente com seu belo e pálido rosto Galantine fecha a porta e começa a caminhar até a sala de reuniões. Hoje seria discutido um assunto que mudaria o rumo do mundo mais uma vez, mas seria algo maior que as Grandes Guerras.
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Galantine era a Suprema do Sul. Posto reconhecido pelos outros Supremos ao testemunharem seu poder. E pela necessidade de a monitorarem. Galantine pensava da mesma forma.
Foram capazes de aprender pouco do Sul, sua forma de governo era passada de mãe para filha e Galantine era da terceira geração desse governo. Não havia pobreza ou violência no Sul, cada país, cada pequena ou grande cidade estava ao alcance de Galantine e sua proteção. Proteção que Galantine queria continuar garantindo não se relacionando com o exterior e suas guerras.
Seus poderes e os assuntos internos do Sul eram um completo segredo, Galantine não concordou em contar nada disso aos outros. Tudo o que sabiam era que o Sul era impossível de se invadir se não soubessem os segredos de Galantine.
Entrando na sala de reuniões, Galantine caminha por um tapete azul com detalhes roxo nas bordas, toda a sala era branca, com algumas colunas aos lados e nenhuma janela. Havia apenas uma cadeira de frente para quatro pequenas aberturas no chão com um grande cristal azul claro cada uma.
Os cristais eram feitos por Mesa Barebale, Supremo do Oeste e conhecido como Mestre dos Cristais. Sua habilidade de moldar cristais e suas propriedades magicas criando novas invenções era sem igual. Com o propósito de criar algo para comunicação ele foi capaz de criar cristais que podiam enviar sua imagem e som até outros cristais que estivessem ligados com a mesma magia. No fundo era algo muito complicado de se fazer.
Galantine insperionara e entendera a tecnologia dos cristrais de todas as formas possíveis até descobrir que eram seguros, mesmo não gostando deles seria melhor que ter que sair de seus aposentos, seria muito mais arriscado.
"Ora, me deixe!! É uma reunião importante!! Não vamos fazer isso agora, eles podem nos ver!! Depois, depois!!" (Bargan)
Bargan, o extrovertido Supremo do Norte, conhecido durante as Grandes Guerras como Estrela Fênix.
"Haha!! Me desculpem. Mulheres apaixonadas... sabem como são..." (Bargan)
"Isso é nojento, Bargan." (Mesa Barebale)
Mesa Barebale, Supremo do Oeste e o Mestre dos Cristais. Na maior parte do tempo suas roupas eram cheias de pó de cristais. Dizem que alguns minutos ao lado dele e espirrará por dias.
"Devo lembrar também nossos assuntos são apenas entre nós Supremos. Se comporte Bargan!" (Marcus Oros)
Marcus Oros, o Diplomata e Supremo do Sudoeste. Suas ações diplomáticas durante as Grandes Guerras o fizeram ter destaque por sua genialidade no assunto, era visto como neutro então lhe foi dado uma ilha a pedido dele para exercer o papel de mediador dos assuntos dos Supremos. Porém compartilhava de vários interesses com os outros Supremos, era um homem cauteloso e que exigia cautela.
"Onde está Sa-Thrss?" (Galantine)
"Oh, é mesmo. Onde está o largarto?" (Bargan)
Sa-Thrss era o Supremo do Leste. Da raça dos homem besta, sua vaga como Supremo foi indicação de Bargan que criara um sentimento de irmãos de guerra com o homem lagarto. Após a tentativa de tomada do Leste, que já se encontrava com várias guerras de clãs há anos, Sa-Thrss foi capaz de conquistar grande parte do continente enquanto ao mesmo tempo lutava contra o exército de Bargan. Ele também sabia um pouco da língua estrangeira e isso facilitou tudo.
"Sa-Thrss avisou a mim que não viria hoje, assuntos internos dos homens besta." (Marcus Oros)
"Então podemos começar. Galantine, você está conosco?" (Bargan)
"Com calma, Bargan. Galantine, queremos ouvir sua decisão. De todas as reuniões que tivemos você e Sa-Thrss foram sempre contra nosso projeto." (Marcus Oros)
"Me mantenho contra. Não sabem o que pode ter do outro lado e além disso irião preferir a guerra." (Galantine)
"Apenas em último caso, Galantine. Tenho trabalhado em meios que podem evitar isso." (Mesa Barebale)
"Conheço seus meios, Mestre dos Cristais." (Galantine)
"Fufu..." (Mesa Barebale)
"Essa é sua resposta final, Galantine? É tão fraca de ambição assim?" (Bargan)
"Não irei apoiar isso. Isso é tudo." (Galantine)
Galantine tinha um ótimo controle emocional mas era notável que ela sabia das consequências de ir contra os Supremos. Outra guerra se aproximava e iriam a todo custo derrubar o Sul de Galantine.
Se levantando da luxuosa cadeira Galantine é surpreendida por uma dor aguda na cintura que a puxa de volta à cadeira. Uma lança a havia perfurado, pela primeira vez Galantine sentia medo.
Com um olhar furioso e suando frio Galantine levanta da cadeira com um salto, não havia sangue e a lança não mais a perfurava.
"Um."
Derepente Galantine é cegada por um flash de luz em seus olhos seguido da dor que acabara de conhecer segundos atrás. Mais duas lanças atravessavam o esguio corpo de Galantine.
As lanças caem no chão como se nunca tivessem atravessado seu corpo. Galantine grita de fúria sabendo que não poderia fazer nada quanto ao ataque. Sabendo que foi tola e fraca. Que seu erro seria pago por muitos.
"Dois e três."
Mais lanças voam em direção a Galantine, sendo perfurada pela quarta e quinta vez. Ela sabia o que estava acontecendo mas era incapaz de sequer conseguir falar algo. Galantine se ajoelhava e lentamente caia perdendo a consciência.
"E... Feito."
"Que coisa mais triste. Uma mulher tão bela..." (Bargan)
"Não sente nada traindo uma irmã desta forma?" (Mesa Barebale)
Bargan e Mesa Barebale entram pela porta da sala revelando alguns criados mortos atrás deles.
"Nunca pensei em Galantine dessa forma." (Miro)
Miro, irmão mais novo de Galantine, abre um longo sorriso. Seus olhos completamente negros sorriam ao passo de sua sinistra boca.
Naquele dia Galantine fora traída e o Sul caira. O mundo iria mudar.