1527 após a luz (AL)
Nuvens escuras pairavam baixo no céu, lançando sombras sobre o campo de batalha silencioso. Fumaça ascendia dos destroços deixados pela feroz luta que havia ocorrido. Corpos vestidos em armaduras quebradas jaziam espalhados pelo chão, e espadas empaladas na terra pareciam lembrar dos combates brutais. O solo, agora infértil, era marcado pelas cicatrizes da guerra, não mais se assemelhava à terra fértil que um dia fora. Entretanto, em meio à escuridão opressora, um raio de sol teimoso encontrava seu caminho através das nuvens negras, lançando um feixe dourado que tocava suavemente os elementos destruídos, como se a luz da esperança insistisse em atravessar mesmo nos momentos mais sombrios.
E lá, no epicentro dessa cena desolada, estava uma linda mulher. Seus cabelos dourados estavam trançados de maneira intricada, uma coroa que contrastava com a armadura dourada que vestia. No entanto, a armadura não estava imaculada; ela estava marcada por manchas de sujeira e suor que escorriam pelo rosto, testemunhas silenciosas da batalha feroz que estava acontecendo. Seu olhar determinado pairava sobre o campo, uma mistura de resiliência e exaustão, enquanto ela permanecia como um símbolo de força e coragem em meio ao caos da guerra.
Sob o comando de sua Rainha, Aurora, a voz firme ecoava: "Avancem, não lhes concedam um momento de descanso!" Ela era não apenas a fonte de seu poder, mas também a inspiração que os impulsionava a arriscar tudo naquela batalha. Sua presença era a chama que os guiava, e suas palavras ressoavam como um lembrete constante do propósito que os unia.
Diante da Rainha Aurora erguia-se um imponente forte, suas grandes muralhas dominando a paisagem. Seus olhos estavam fixos nessa fortaleza, pois era para lá que ela direcionava seus objetivos e sua inabalável determinação de conquista.
*
Dentro do forte sombrio...
"Minha rainha." — rapidamente se ajoelhou um dos seus cavaleiros.
Os olhos de Aurora se fixaram em seu servo, um silêncio carregado de expectativa pairando entre eles. Com um gesto sutil, ela concedeu a permissão que ele ansiava para falar.
“A batalha no fronte principal foi finalizada.” — disse o cavaleiro com total determinação na voz, e muito cansaço.
*
Caminhou Aurora calmamente entre corpos e cadáveres, de aliados a inimigos. A cada passo, ela jurava com todas as suas forças que iria mudar essa situação e restaurar a paz. Com os ombros pesados por carregar um nome real de um reino que durou por milhares de anos, ela se sentia profundamente culpada. Culpada por não conseguir manter o reino que o leva em seu nome, em paz.
Após Aurora adentrar o forte sombrio, a atmosfera de morte e incerteza da guerra já não era mais sentida.
"Isso dói." — Gritou um dos soldados feridos após uma curandeira tocar em um de seus profundos ferimentos.
"Cale a boca, velho." — Falou a curandeira irritada, fazendo todos ao redor darem risadas.
Inúmeras situações como essa podiam ser escutadas, sentidas e vistas. Soldados felizes após a árdua batalha, guerreiros descansando em suas cabanas e alguns lembrando de seus companheiros mortos. Cada vida diferente presente ali mantém sua luz acesa e cada vez mais brilhante por apenas uma única razão — e pessoa — não importa quão única ela possa ser.
Após todos perceberem que sua rainha, sua governanta, sua líder, sua luz, estava no mesmo local que eles, todos se ajoelharam e gritaram:
"Sua alteza." — A exclamação irrompeu dos lábios
de todos os presentes naquele local. Após um
breve instante, como se fosse uma resposta à
determinação de todos, a rainha ergueu a voz:
"De pé, meus súditos, guerreiros, meus irmãos."
A cena era uma mistura de lealdade fervorosa e respeito, com a força de uma promessa cumprida pairando no ar. Enquanto os olhos da rainha percorriam a multidão ajoelhada, ela via além das armaduras e das expressões tensas. Cada guerreiro ali tinha uma história, uma razão para lutar, e ela, como a luz que iluminava a escuridão, estava lá para guiá-los.
A voz dela ecoava com uma autoridade que vinha de anos de liderança e compreensão das dores e sacrifícios que cada um deles enfrentara. Era uma voz que os lembrava do propósito que os unia, da esperança que eles carregavam, mesmo quando as nuvens sombrias pairavam sobre eles.
"Somos um só," ela continuou, sua voz ecoando pelas muralhas do "Forte Sombrio".
"Unidos pela coragem que arde em nossos corações e pelo desejo de um reino restaurado. Não importa quão sombria a batalha possa ser, estamos aqui juntos, lutando pelo nosso amado reino de Aurórea."
Os guerreiros ergueram-se, determinação brilhando em seus olhos. Era como se a presença da rainha tivesse renovado suas forças, infundindo-lhes a coragem necessária para enfrentar os desafios que se estendiam à frente. O campo de batalha podia estar marcado pelas cicatrizes da guerra, mas a luz da esperança permanecia, crescente e inabalável, guiando-os através da escuridão em direção a um futuro melhor.
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*
Aurórea, outrora um reino de grandiosidade e glórias, agora está mergulhada em trevas e desunião. Suas vastas planícies douradas e verdes, que outrora brilhavam sob o sol, foram obscurecidas pelas nuvens carregadas de guerra e conflito interno. Um reino que fora uma das principais forças no continente agora se encontra dividido, fragmentado por desavenças e lutas pelo poder.
As origens desse declínio podem ser traçadas até as escolhas desastrosas de um rei que não soube manter a firmeza de seu trono. Quando suas fraquezas foram expostas, a oposição rapidamente o rotulou como um monarca fraco e incapaz de governar. Foi nesse momento de fragilidade que as forças dissidentes viram sua oportunidade de agir. Grupos que antes estavam divididos e distantes se uniram em uma causa comum: derrubar o rei e reivindicar o poder para si.
Uma emboscada engendrada pela oposição deixou o rei e suas esposas encurralados, em uma tentativa desesperada de escapar. Alguns membros da família real conseguiram fugir, príncipes e princesas correndo em todas as direções, mas a separação se mostrou inevitável. O reino estava agora em pedaços, cada parte controlada por diferentes facções com suas próprias ambições e agendas.
Desde jovem, Aurora já demonstrava habilidades excepcionais em combate e liderança, destacando-se tanto no campo de batalha quanto na capacidade de inspirar e unir as pessoas ao seu redor. Sua determinação e destemor a tornaram uma figura respeitada e admirada por todos, e sua conexão profunda com o povo do reino só fortalecia seu papel como líder.
Contudo, dois anos antes das rebeliões e conflitos internos abalarem o reino, Aurora desapareceu de forma repentina e misteriosa. Sua ausência deixou um vazio imensurável nos corações dos cidadãos e nas fileiras políticas e militares. Enquanto o reino lutava para encontrar pistas sobre o que havia acontecido com sua jovem líder, Aurora parecia ter se desvanecido das páginas da história. O enigma de seu paradeiro continuou sem solução, enquanto o reino enfrentava turbulências e mudanças. E assim, enquanto os eventos tumultuados se desenrolavam, a figura da Princesa Aurora permanecia como uma lembrança e um símbolo de esperança que talvez tivesse sido perdido para sempre.
Em prol de questões mais urgentes, como os conflitos e a oposição que se moviam rapidamente, o paradeiro de Aurora foi deixado de lado. O reino não tinha mais tempo nem recursos para buscar uma princesa que muitos acreditavam estar perdida para sempre. Enquanto Aurórea se debatia em meio ao caos, a lembrança da Princesa que desaparecera e as lembranças de suas habilidades e liderança eram tudo o que restava para sustentar o reino em sua hora mais sombria.
Aurora retornou, no entanto, algo havia mudado profundamente nela. Os dois anos de ausência haviam deixado mais do que um vazio temporal; suas memórias pareciam fragmentadas, como um quebra-cabeça desordenado que ela lutava para montar. As lembranças daqueles anos pareciam estar envoltas em sombras, inacessíveis, e ela se via incapaz de reconstruir os eventos que haviam transcorrido durante sua ausência.
Além disso, o corpo de Aurora carregava os sinais físicos dos conflitos que havia enfrentado durante aquele período. Marcas discretas, lembranças silenciosas das batalhas travadas, pontuavam sua pele. Seu semblante, uma vez radiante, agora refletia não apenas a determinação que a caracterizava, mas também uma sombra da incerteza que permeava sua mente.
*
Três meses atrás...
No coração do Reino de Aurórea, repousava um majestoso Templo Antigo, outrora uma imponente maravilha que erguia suas torres em direção aos céus. Ecos de lendas antigas sussurravam sobre o templo, contando histórias de um farol de esperança, onde os Deuses desciam do firmamento para selecionar heróis que se tornariam seus dignos representantes. Por gerações, esse local sagrado havia sido o guia luminoso de cavaleiros e guerreiros, orientando-os em suas jornadas e batalhas. No entanto, a glória do templo havia sido apagada por um cataclismo que desencadeou um catastrófico evento mil anos atrás, uma explosão tão poderosa que reverberou através do continente, rompendo a conexão entre o reino humano e o reino dos Deuses. O majestoso Templo Antigo, outrora uma estrutura orgulhosa e viva, agora permanecia como um testemunho de um passado esquecido e abandonado, suas torres eram ruínas que se estendiam para os céus.
No entanto, há três meses, algo extraordinário aconteceu. Uma inexplicável reviravolta do destino encheu o ar outrora estagnado do templo com uma aura mágica e cintilante. Como se uma respiração antiga e profunda tivesse sido retomada, o templo, que há muito tempo estava silencioso, ganhou vida novamente. Engrenagens que há séculos não se moviam começaram a girar com um murmúrio suave e poderoso, ecoando a própria pulsação da terra. E à medida que a noite caía, pintando os céus com um manto estrelado, um feixe de luz azulada emergiu do coração do templo, como um chamado em direção às estrelas acima, iluminando a escuridão com um brilho etéreo.
A luz, intensa e brilhante, cortou a noite e penetrou as nuvens noturnas, criando um espetáculo de cores e brilhos que parecia transcender o próprio tempo. Os raios de luz dançaram nos céus como fagulhas de esperança, cada pulsar carregando memórias de dias de glória e uma promessa de renovação. Enquanto as engrenagens continuavam a girar, o feixe de luz subiu mais e mais alto, como se estivesse buscando os confins do universo.
E então, como se o tempo estivesse agindo de forma mágica e guiando o próprio destino, o feixe de luz desceu lentamente em direção ao altar do templo. A luz azulada envolveu o altar com um brilho suave e reconfortante, e uma figura repousava ali, adormecida. Era Aurora, a Princesa desaparecida, que agora reaparecia magicamente no centro do templo, como se o próprio templo a estivesse chamando de volta. Seu corpo estava envolto pela luz, como se a energia do templo a tivesse escolhido para um propósito maior.
Aurora permaneceu ali, em sono profundo, enquanto o feixe de luz a envolvia. O tempo parecia ter se curvado, trazendo-a de volta de algum lugar além das fronteiras da realidade. Suas memórias dos últimos dois anos haviam desaparecido, e seu ser estava impregnado com uma sensação de missão. O destino de Aurórea estava entrelaçado com o dela, e a jornada para restaurar o reino estava prestes a começar.
Ninguém sabia o que aquilo significava ou como era possível. Apenas sabiam que estavam presenciando algo que desafiava as expectativas e as leis da natureza. Era como se, por um breve momento, o passado e o presente se entrelaçassem em um espetáculo de beleza e mistério. E enquanto o feixe de luz ascendia, trazendo um brilho efêmero e uma promessa de algo novo, a história de Aurórea parecia prestes a se desdobrar em uma direção inesperada.
Forças misteriosas notaram tal evento, aqueles que compreendem o destino que esse acontecimento irá desencadear já estão em movimento, preparando-se para os desafios que o futuro reserva. Enquanto isso, outros, alheios ao significado do evento, inadvertidamente se tornam peças em um jogo de sombras e intrigas que moldarão o futuro de maneiras imprevisíveis...