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O Legado dos Yamamoto

 Prólogo

No ano 10 do calendário Himbrayano

O mundo esteve em constante melhoria desde o surgimento das masmorras. Esses portais são misteriosos, que simplesmente brotaram do próprio chão, abrindo passagens para dimensões desconhecidas, repletas de riquezas e perigos inimagináveis. Dragões cuspidores de fogo, esqueletos e outras criaturas mágicas guardavam esses tesouros com um zelo feroz. A busca por ouro e artistas de valor inestimável levou à criação das guildas de aventureiros, organizações formadas para enfrentar essas ameaças e explorar as profundezas dessas masmorras. As masmorras, assim como os aventureiros, eram numerosos pelos rankings: D, C, B, A, S, SS.

No coração do continente de Himbra, havia um vilarejo chamado Hayashi, fundado e protegido pelo grande guerreiro Hakashi. Ele travou bravamente contra um ser de pura maldade, selando-o com sua própria vida dentro da grande masmorra que estava ao pé da colossal Montanha Negra.

Himbra é um continente vasto, dividido em cinco grandes reinos. Ao norte, encontra-se o reino élfico de Ellyrion, conhecido por suas florestas antigas e magia poderosa. No sul, próximo à fronteira, está o Reino Subterrâneo de Grondor, um domínio nas profundezas da terra. A leste, encontra-se o Reino de Raifryn, cujas barreiras e colinas abrigam uma cultura de guerreiros destemidos. Além disso, há duas grandes masmorras de ranking SS, dominadas por vampiros e dragões, que se expandiram e formaram seus próprios reinos, desafiando o equilíbrio de poder em Himbra.

Fechando as capas desgastadas da enciclopédia que detalhava esse mundo, Hakuro esfregou os olhos, sentindo o cansaço pesar sobre ele. Ao avistar seu pai na varanda de casa, ele se declarou sonolento e caminhou até lá, carregando consigo os sonhos e temores de um jovem prestes a embarcar em sua própria jornada.

Capítulo 1. "O Legado dos Yamamoto"

Ano 407 do calendário himbraino 

A escuridão da noite envolve o vilarejo de Hayashi como um manto silencioso. As árvores ao redor de nossa casa balançavam levemente com a brisa fria, e o som de suas folhas farfalhando era o único ruído que rompia o silêncio profundo. Sentado ao lado do meu pai, Kaito, na varanda de madeira, eu observava o céu estrelado. As estrelas brilhavam intensamente, como pequenas chamas dançando no firmamento, e eu me perdia na imensidão do universo, tentando encontrar respostas para as perguntas que sempre me atormentavam.

Meu pai estava ao meu lado, mas sua mente parecia distante, como se ele estivesse imerso em memórias antigas, perdidas no tempo. Seus olhos vermelhos, brilhando com uma intensidade quase sobrenatural, refletiam a luz suave da lua, e seus cabelos negros, agora levemente grisalhos nas têmporas, caíram em ondas sobre a testa, dando-lhe uma aparência austera.

"Pai, por que nossos olhos são vermelhos?" A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse hesitar.

Kaito desviou o olhar das estrelas e fixou os olhos em mim. Por um longo momento, ele permaneceu em silêncio, como se estivesse decidindo se devia ou não me contar algo importante. Finalmente, ele respirou fundo e começou a falar, sua voz cheia de reverência e seriedade.

"Hakuro," ele disse, sua voz baixa, mas carregada de uma intensidade que fez a noite parecer ainda mais silenciosa, "os olhos vermelhos são uma marca da linhagem dos Yamamoto, uma herança que remonta ao próprio fundador deste vilarejo, seu antepassado Hakashi Yamamoto."

"Hakashi?" repeti, intrigado.

Kaito assentiu, um brilho de orgulho e respeito cruzando seu olhar. "Sim, Hakashi Yamamoto. Ele foi o primeiro a erguer este vilarejo, um guerreiro lendário com olhos tão vermelhos quanto o fogo e cabelos tão negros quanto a noite. Hakashi possuía um poder imenso, uma força que inspirou todos ao seu redor. Dizem que ele era capaz de manipular as chamas, mas não eram chamas comuns. O fogo em seus olhos e em seu coração era tão intenso ."

A história me prendeu, e eu podia imaginar Hakashi, meu antepassado, em pé, imponente e destemido, enfrentando ameaças que eu mal poderia imaginar.

"Hakashi não apenas fundou Hayashi, mas protegeu este lugar com sua própria vida," meu pai continuou. "Ele se dedicou a proteger as pessoas e estabeleceu um lar para aqueles que buscavam segurança. Mas o poder que ele possuía vinha com um custo. Os olhos vermelhos eram tanto uma bênção quanto um fardo, pois esse fogo interno poderia consumir até os mais fortes. Hakashi entendia essa responsabilidade e ensinou a todos nós a importância de controlar e respeitar essa força."

Enquanto ele falava, eu sentia uma ligação mais forte com minhas raízes, com a história que me unia ao legado de Hakashi. Uma nova chama de determinação nasceu dentro de mim, e eu sabia que precisava honrar o nome Yamamoto.

Kaito colocou uma mão em meu ombro, suspirando com uma melancolia que eu não compreendia totalmente. "Mas, Hakuro, com o passar das gerações, a verdadeira extensão do poder de Hakashi foi se perdendo. Seus descendentes herdaram a chama e a força dos Yamamoto, mas a intensidade e a pureza daquele poder diminuíram ao longo do tempo. Ainda temos a responsabilidade, o legado, mas o poder... ele é apenas uma sombra do que um dia foi."

Senti um peso ainda maior em seu olhar, como se ele carregasse uma saudade por algo que nunca viveu, mas que era parte dele. "É por isso que eu te treino," disse ele, sério. "Para que você possa aprender a usar esse poder com sabedoria e proteger o que ainda nos resta. Talvez nunca alcancemos o poder de Hakashi, mas isso não diminui nossa responsabilidade."

Minha mãe surgiu na porta, sua presença delicada e acolhedora suavizando o ar. "Vá dormir, filho," disse ela, com uma voz gentil. "Amanhã será um dia longo."

"Sim, mãe," respondi, levantando-me com um último olhar para as estrelas. O peso da história dos Yamamoto era esmagador, mas eu estava pronto para enfrentar o que viesse. Com o sangue de Hakashi correndo em minhas veias, prometi a mim mesmo que honraria seu nome e defenderia Hayashi.

O sol da manhã se erguia no horizonte, banhando o vilarejo de Hayashi com uma luz suave e dourada. No Bosque Sombrio, o som das espadas de madeira se chocando ecoava entre as árvores, criando um ritmo quase hipnótico. Cada golpe reverberava no ar, marcando o início de mais um dia de treinamento.

Eu estava lá, ao lado de Hino e Aria, com meu pai nos guiando através dos movimentos. O cheiro de madeira e terra fresca enchia o ar, misturado ao suor que começava a se acumular em nossos corpos. Estávamos concentrados, cada um de nós mergulhado em sua própria luta, tentando aperfeiçoar cada movimento, cada golpe.

Hino: Uma garota de com cabelos curtos e loiros, sempre presos em um rabo de cavalo alto. Seus olhos são de um preto, com sua calma quase perturbadora, executava cada movimento com uma precisão impressionante. Seus olhos estavam fixos na espada, como se o mundo ao redor não existisse. O controle que ela tinha sobre cada golpe era impecável, como se a espada fosse uma extensão de seu próprio corpo. Eu a admirava por isso, por sua determinação e foco inabalável. Hino sempre dizia que queria ser uma estrategista, alguém que pudesse guiar e proteger o vilarejo com sua mente afiada e habilidades em combate. E a cada dia que passava, eu acreditava mais que ela estava no caminho certo para alcançar esse objetivo.

Aria por outro lado era uma garota com cabelos longos e lisos de um tom azul escuro, quase preto. 

Tirando Seus olhos pretos, era o completo oposto. Sempre impetuosa e cheia de energia, ela era uma força da natureza, sempre pronta para um desafio. Seus golpes eram rápidos e poderosos, mas faltavam a precisão que Hino tinha. Ainda assim, havia algo na maneira como Aria se movia que era inspirador. Seu desejo de explorar as *dungeons* e encontrar algo que pudesse melhorar a vida em Hayashi era contagiante. Mesmo quando sua energia a levava a situações perigosas, era impossível não se sentir inspirado por sua paixão e determinação.

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"Concentre-se, Hakuro!" A voz firme do meu pai cortou o som abafado das espadas. "Na batalha, o menor deslize pode ser fatal."

O peso das palavras dele parecia mais intenso naquele dia, como se soubesse que logo testaríamos essa lição de verdade.."

Respirei fundo, sentindo o peso da espada de madeira em minhas mãos. Olhei para o rosto determinado do meu pai e sabia que ele estava certo. Eu precisava me concentrar, precisava estar preparado para qualquer desafio.

"Não é apenas a habilidade com a espada, Hakuro," disse Hino, sua voz calma, mas cheia de sabedoria. "A verdadeira força vem de dentro. É o espírito que você traz para o combate."

"Isso mesmo!" Aria exclamou, com um sorriso animado no rosto. "Cada golpe, cada movimento é uma chance de se aprimorar!"

As palavras de incentivo das minhas amigas acenderam uma chama dentro de mim. Com um grito determinado, intensifiquei meu treinamento. Cada golpe de espada se tornava mais preciso, mais confiante. Eu sentia a energia fluir através de mim, e por um momento, parecia que tudo estava no lugar. Mas, mesmo com a confiança crescente, algo dentro de mim estava inquieto. Era como se uma sombra estivesse pairando sobre o vilarejo, e eu não conseguia afastar essa sensação.

Meu pai observava atentamente, avaliando cada movimento, cada erro que cometíamos. Ele era um professor exigente, mas justo, sempre nos incentivando a ir além dos nossos limites. Hino e Aria estavam dando o seu melhor, assim como eu, mas a tensão no ar era inegável. Havia algo diferente naquele dia, algo que eu não conseguia identificar.

"Vocês estão melhorando," meu pai disse, interrompendo o treino. "Mas lembrem-se, a batalha real nunca é tão previsível quanto o treino. Vocês precisam estar preparados para o inesperado, para o caos."

Assenti, sentindo o peso das palavras dele. Eu sabia que ele estava certo, mas a incerteza sobre o que estava por vir me deixava inquieto. Algo dentro de mim dizia que o caos estava mais próximo do que imaginávamos.

Naquela noite

Enquanto me preparava para dormir, a inquietação continuava a me atormentar. O vento soprava suavemente através das janelas abertas, trazendo consigo o cheiro fresco da floresta. Mas, em vez de me acalmar, aquilo só aumentava minha ansiedade. O silêncio da casa era interrompido apenas pelos sussurros vindos da cozinha. Meus pais estavam conversando, mas havia algo em suas vozes que me deixou alarmado. Aproximei-me da porta, para ouvir atentamente, tentando captar o que estavam dizendo. A voz da minha mãe, Yumi, soava preocupada, mais do que eu jamais havia ouvido antes.

"Kaito, o que vamos fazer? E se… e se isso for algo que a gente não possa cumprir!" Sua voz estava carregada de medo, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha.

"Precisamos nos preparar, Yumi," respondeu meu pai, sua voz firme, mas não menos preocupada. "Não podemos permitir que o passado se repita. Se a volta daquele homem está ameaçando o vilarejo, devemos enfrentá-lo com todas as nossas habilidades, com todo o legado que nos foi deixado."

Eu me afastei da porta, sentindo o pânico começar a tomar conta de mim. Quem era esse homem e o que meus pais sabiam que eu não sabia? O que poderia ser tão perigoso a ponto de preocupar tanto o meu pai, que sempre fora a pessoa mais calma e confiante que eu conhecia?

Voltei para o meu quarto, mas o sono estava longe de chegar. Fiquei deitado, encarando o teto, tentando entender o que estava acontecendo. As palavras dos meus pais ecoavam na minha mente, enchendo-me de um medo que eu nunca tinha sentido antes. Eu sabia que algo estava para acontecer, algo que poderia mudar o destino de todos em Hayashi. Mas o quê?

Enquanto essas perguntas não me deixavam descansar, me virei na cama, sentindo a inquietação tomar conta de mim. Finalmente, o cansaço venceu, e meus olhos começaram a se fechar. Mas, mesmo enquanto caía no sono, a preocupação não me abandonava. As sombras pareciam mais escuras, e os sussurros do vento mais ameaçadores. O que quer que estivesse vindo, eu sabia que precisaria estar preparado.

Na manhã seguinte…

O sol mal havia surgido no horizonte quando acordei, meus pensamentos ainda nublados pelas palavras da noite anterior. O céu estava nublado. A sensação de inquietação que eu sentia desde o dia anterior havia se intensificado.

Levantei-me rapidamente, me vestindo com a mesma determinação que havia sentido ao final do treino do dia anterior. Eu sabia que precisava descobrir o que estava acontecendo e estar pronto para enfrentar o que viesse pela frente.

Ao sair de casa, caminhei rapidamente pelas ruas do vilarejo, e a atmosfera pesada parecia afetar a todos. Passei pela loja do senhor Takeo, o ferreiro, que estava ocupado afiando uma lâmina. Ele levantou os olhos cansados para mim, seus dedos ásperos passando pela barba grisalha. “Treinando cedo, Hakuro? Hoje parece que o dia vai ser longo,” ele comentou, e eu pude perceber uma preocupação velada em suas palavras. Assenti, mas continuei meu caminho.

Logo à frente, vi a senhora Aiko, a curandeira do vilarejo, organizando suas ervas em frente à sua cabana. Ela parecia mais atarefada do que de costume, suas mãos ágeis separando plantas com uma urgência que eu nunca havia visto. “Bom dia, Hakuro,” ela me cumprimentou, mas a preocupação em seus olhos me fez perguntar se ela também pressentia o perigo.

Quando cheguei à praça central, vi um grupo de crianças brincando, suas risadas contrastando com a tensão que permeava o ar. Entre elas, estava Yukio, um garoto que sempre foi cheio de perguntas. Ele correu até mim, seus olhos brilhando de curiosidade. “Hakuro, você vai treinar com a espada de novo? Vai lutar contra monstros de verdade um dia?” Ele perguntou, sem saber o peso de suas palavras. Eu sorri, tentando esconder a ansiedade que crescia dentro de mim. “Vou treinar, sim. E quem sabe, um dia, Yukio.”

Me despedi do garoto com um aceno e continuei meu caminho em direção ao Bosque Sombrio. Chegando lá estavam Hino e Aria, se preparando para o treino matinal. Hino estava ajustando sua espada de madeira com a mesma calma habitual, enquanto Aria, impaciente, se movia de um lado para o outro, tentando dissipar a tensão com seu otimismo característico.

"Você também está sentindo isso, não é?" Hino falou sem rodeios, seus olhos frios analisando cada detalhe ao meu redor.

Assenti, sem saber exatamente como colocar em palavras o que estava sentindo. "Sim, algo está errado. Meus pais estavam falando sobre uma ameaça, mas não disseram o que era."

"Bem, seja o que for, estamos prontos para isso", Aria disse com um sorriso confiante, seus olhos brilhando com a promessa de aventura. "Vamos mostrar a todos que somos mais fortes do que qualquer ameaça que aplique!"

Eu sorri de volta para ela, sentindo-me reconfortado por sua determinação. Mesmo com a sensação de perigo iminente, estar ao lado deles proporcionará uma certa segurança. Mas antes que pudéssemos começar o treino, o chão tremeu sob nossos pés, e o céu, que antes estava apenas nublado, escureceu sutilmente como se a noite tivesse caído de uma só vez.

Hino largou sua espada, olhando ao redor com os olhos arregalados. “Isso não é normal”, ela murmurou, sua voz relacionada à preocupação.

Aria, sempre pronta para a ação, começou a correr em direção à árvore mais próxima, subindo rapidamente até o topo. "Eu vou ver o que está comemorando!"

Segui o exemplo dela, escalando a árvore ao lado, enquanto Hino nos observava de baixo, seu rosto agora pálido de apreensão. Quando cheguei ao topo, olhei para o horizonte e meu coração parou por um instante.

O que vi fez meu sangue gelar: uma horda de monstros se aproximava do vilarejo. Criaturas colossais, suas sombras projetadas no chão, avançavam lentamente, mas com uma determinação assustadora. Seus rugidos ensurdecedores ecoavam pelo bosque, fazendo com que os pássaros voassem em pânico. 

Eu mal podia acreditar no que via, mas não havia tempo para dúvidas. "Precisamos voltar agora!" gritei para Aria, minha voz específica de urgência. "Precisamos avisar a todos!"

Desci rapidamente da árvore, meu coração acelerado. Hino estava ao pé da árvore, me esperando, seus olhos agora cheios de uma determinação fria. "O que você viu?" ela disse, sua voz calma, mas firme.

“Uma horda de monstros”, respondeu, tentando manter a calma. "Eles estão vindo direto para o vilarejo."

Aria desceu logo em seguida, sua expressão cheia de determinação. "Precisamos nos preparar. Não temos muito tempo."

"Vamos..." disse Hino, sua voz vacilando. "Precisamos... precisamos avisar todos. Eles, protejam Hayashi."

Corríamos de volta ao vilarejo com o coração disparado, mas, po

Mais que tentamos nos convencer, o medo nos envolve como uma sombra. Minhas pernas tremiam a cada passo.

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