Synopsis
No templo de Mereú, colunas brancas cortam a aparência de um monte rosa-dourado. O sol através da névoa das nuvens derrama seus raios serenos sobre o chão dos corredores. No teto, o reflexo dobrado da luz celestial ilumina em feixes luminosos os arcos galantes.
Dizem que até as rochas dali destilam um orvalho todo especial, que tem ora gosto de mel, ora de maresia. O som do vento nas entradas dos pátios, lá, é como a canção das sirenes ou dos anjos, que se fazem ouvir, empoleirados nos ramos mais altos dos ipês.
O murmúrio da brisa no salão dos altares do Altíssimo é como o farfalhar de pétalas, o arrulhar de pombas, e o cintilar do sino dos ventos. Nada seria capaz de quebrar tão plácida solitude de estático porte.
Os que ali são coroados com louros dourados em silenciosa procissão recebem nas palmas das mãos um seixo branco com um nome apenas por eles conhecido. Tomam nas pontas dos dedos os flocos translúcidos do pão secreto e se ajoelham junto ao Trono Branco.
Ao som de hosanas as bandeiras tremulam e flamejam abrindo caminho para o Bendito. O ar se enche com cânticos e os ramos de louros adornam o caminho até o pátio do Rei, onde mais uma vez se acalma. Passada a entrada, se encontram apenas os blocos brancos das paredes do templo, e as pontas do altar de prata.
As estrelas se revolvem e um rio de águas cristalinas corre sobre a superfície de um lago de ouro puro como vidro transparente. Uma árvore pálida floresce dos dois lados do rio, seus frutos de seus ramos resplandecendo no Sol Eterno um brilho como de cristal. As folhas da árvore são cura, e seus frutos são vida.
Em Mereú não há lua, nem sol, pois o Eterno é a sua luz.